O dom ou bênção da justificação (que
é a imputação da justiça de Cristo ao homem pecador, a declaração deste como
justo diante de Deus e sua aceitação por Deus, o Juiz do mundo) é acompanhado
pelo dom ou bênção da adoção (que é colocar no lugar e posição de filho aquele
que não o é por natureza).
No mundo em que o apóstolo Paulo
viveu, a adoção era comumente feita de jovens adultos, homens, de bom caráter,
que se tornavam herdeiros e mantinham o nome da família de pessoas ricas que,
de outra maneira, não teriam filhos nem herdeiros. O apóstolo, que é o único
autor bíblico a usar essa expressão, a emprega para se referir a bênção da
adoção graciosa de Deus, que adota como filhos indivíduos de mau caráter,
pecadores, para se tornarem “herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo”
(Romanos 8.17).
A justificação é a bênção básica,
sobre a qual se fundamenta a da adoção; a adoção é a bênção culminante, para a
qual a justificação abre caminho. O status de adotado pertence a todos (e
somente a eles) que recebem a Cristo como Salvador (João 1.12). Em Cristo e por
meio de Cristo, Deus ama seus filhos adotivos da mesma forma como ama seu Filho
unigênito, e partilhará com eles a glória que Cristo usufrui agora (Romanos
8.17, 38-39).
Em virtude do dom ou bênção da
adoção, os cristãos estão sob o cuidado e disciplina paternais do Deus Pai
(Mateus 6.26; Hebreus 12.5-11). Eles devem orar a Deus que é seu próprio Pai do
céu (Mateus 6.5-13), devem imitar suas virtudes (Mateus 5.44-48; 6.12, 14-15;
18.21-35; Efésios 4.32-5.2) e devem confiar em seu amor paternal (Mateus
6.25-34), expressando, desse modo, o instinto filial que o Espírito Santo
implantou neles (Romano 8.15-17; Gálatas 4.6).
As bênçãos da adoção e
da regeneração constituem duas realidades que andam sempre juntas, como dois
aspectos da salvação obtida e garantida por Cristo (João 1.12-13). Porém, são
realidades que devem ser distinguidas entre si. A adoção resulta num novo
relacionamento com Deus, enquanto que a regeneração é uma mudança de nossa
natureza moral, uma mudança de coração (Ezequiel 36.26-27). Contudo, a ligação
entre elas é real e clara. Deus deseja que seus filhos, aos quais ele ama,
tenham o seu caráter e, para isso, toma as devidas providências.