Necessitamos
não apenas da graça inicial de Deus, mas também de sua graça contínua. Observe
o que a Escritura diz: “Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de
Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: ‘Na mente, lhes imprimirei as
minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles
serão o meu povo’” (Jeremias 31.33) “Não vos deixarei envolver por doutrinas
várias e estranhas, porquanto o que vale é estar o coração confirmado com graça
e não com alimentos, pois nunca tiveram proveito s que com isto se preocuparam”
(Hebreus 13.9).
Nosso encontro inicial com a graça
de Deus envolveu perdão e justificação. É a isso que Efésios 1.7 se refere: “No
qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a
riqueza da sua graça”. Ricas medidas da graça de Deus nos lavaram de nossos
pecados e nos deram nova vida em Cristo. Porém, certamente, esta obra
justificadora inicial de Deus não exaure sua graça. Antes, ela foi “segundo a
riqueza da sua graça”. Ainda existem riquezas ilimitadas disponíveis para nossa
santificação diária, nosso contínuo crescimento em Cristo.
Hebreus 13.9 é um dos muitos lugares
na Escritura que indicam que a santificação progressiva, isto é, o crescimento
em piedade, é pela graça. “O que vale é estar o coração confirmado com graça”.
Esta verdade claramente diz respeito à santificação e ao crescimento, não à
justificação e ao novo nascimento. Na regeneração, nos é dado um novo coração,
pois a Bíblia diz: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito
novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne” (Ezequiel
36.26). Então, após recebermos um novo, maleável e sensível coração, segue-se a
estabilização espiritual deste novo coração.
É de dentro do coração que deve
proceder o desenvolvimento da justiça prática. O que é eventualmente visto e
ouvido em nossas vidas cristãs diárias surge de dentro do mais íntimo do nosso
ser interior. É do coração que vem o que pensamos, falamos e fazemos. “Sobre
tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da
vida” (Provérbios 4.23). O Senhor deseja operar em nós a partir do mais
profundo de nosso ser, por isso ele afirma: “Na mente, lhes imprimirei as
minhas leis, também no coração lhas inscreverei” (Jeremias 31.33).
Se uma vida instável e inconsistente
está sendo expressa exteriormente, a causa é um coração não confirmado dentro
de nós. Jesus ensinou que “A boca fala do que o coração está cheio” (Mateus
12.34). O que quer que esteja se desenvolvendo e enchendo nosso interior,
finalmente virá à tona para ser visto e ouvido.
A fim de desenvolver em nós uma
maturidade crescente, um andar como Cristo, nosso coração deve estar confirmado
com graça. A Lei de Deus não foi projetada para mudar o coração dos homens. A
graça de Deus é a causa essencial e suficiente para produzir esta desejada obra
de santidade. “O que vale é estar o coração confirmado com graça” (Hebreus
13.9).
Uma vez mais temos uma convincente
compreensão bíblica, a qual nos mostra que a graça não é apenas a provisão de
Deus para perdoar e nos fazer nascer em sua família, mas a graça também é seu
meio para fazer-nos crescer e amadurecer como seus filhos.
Rendamos graças a Deus, nossa força,
por realizar essa obra profunda de sua graça dentro de nosso coração. Firmemos
o propósito de não ofendê-lo ou desonra-lo mediante uma vida imatura e
instável. Roguemos seu perdão por nossas tentativas fracas e inúteis de mudar
nosso próprio coração mediante nossos próprios esforços; e supliquemos por sua
obra graciosa em nós, pois ela é nossa única esperança.