domingo, 19 de fevereiro de 2017

A única coisa necessária



Voltemos ao texto da carta aos Filipenses a fim de observar e refletir sobre um detalhe significativo. O apóstolo Paulo diz: “Para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte” (Filipenses 3.10). “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão” (Filipenses 3.13). Associemos a esses textos as palavras do Senhor Jesus a Marta: “Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada” (Lucas 10.42).
            O objetivo do apóstolo Paulo na vida era crescer em intimidade com o Senhor, visto que ele diz: “Para o conhecer”. Ele desejava conhecer o Senhor de tal modo que sua vida seria transformada em “vida ressurreta” neste mundo espiritualmente morto. Ele admitiu humildemente que ainda não tinha alcançado a maturidade espiritual. Observe suas palavras: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado”. Assim, à luz de sua própria necessidade de crescer, juntamente com a excelência do objetivo, o apóstolo tinha um único foco em sua vida: “uma só coisa a fazer”. Essa única coisa era sua busca contínua de conhecer ao Senhor mais e mais.
            Essa busca centrada é semelhante ao coração que Maria demonstrou, como registrado no Evangelho segundo Lucas. Quando Jesus visitou a casa de Maria e Marta, Maria “quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos” (Lucas 10.39). Marta estava agindo como anfitriã atarefada, desejando abençoar seu Senhor. Contudo, seus intensos labores desviavam sua atenção daquele que ela estava procurando servir. Note o registro de Lucas: “Marta agitava-se de um lado para o outro, ocupada em muitos serviços” (Lucas 10.40). Para Marta, a solução era óbvia, ela deveria insistir para que Jesus ordenasse que sua irmã a ajudasse. Ela disse: “Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me” (Lucas 10.40).
            Quão assustada Marta deve ter ficado quando Jesus mostrou que ela era o problema, não Maria. O Senhor lhe disse: “Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas” (Lucas 10.41). As muitas preocupações do serviço de Marta estavam causando ansiedade e confusão interiores. Seu desejo de servir ao Senhor tinha se deteriorado em autopiedade e irritação. Jesus, então, propôs uma revelação surpreendente, que colocou tudo em perfeita perspectiva espiritual. Ele disse: “Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada” (Lucas 10.42).
            Que verdade maravilhosa: “Pouco é necessário ou mesmo uma só coisa”! A única coisa necessária é Jesus. Maria escolheu Jesus. Ela estava aos pés de seu Mestre, procurando conhecê-lo, ouvindo suas palavras de verdade e graça. Este era o coração de Paulo: “Uma coisa faço:... prossigo para o alvo”, a saber, conhecer a Cristo.
            Tendo o mesmo desejo, coloquemo-nos em oração rogando ao Senhor Jesus: que desenvolva em nós um coração como o de Paulo e de Maria, e que incite em nós uma paixão por conhecê-lo melhor, de modo que este se torne o objetivo intenso de nossa vida; que nos perdoe por permitirmos que nossa agenda atarefada nos impeça de sentar para ouvi-lo; que nos ajude a gastar tempo em silêncio aos seus pés, de modo que, quando nos levantarmos para servi-lo, nosso coração possa permanecer aos seus pés ouvindo seus ensinos.