Encontramos,
no Sermão do Monte, uma estonteante ordem dada pelo Senhor Jesus. Ele diz: “Portanto,
sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mateus 5.48). De
imediato surgem pensamentos em nossa mente do tipo: Que ordem absurda? Como o
ser humano, pecador, pode ser perfeito como Deus? Jesus está exigindo o
impossível!
De
fato, aqui, Jesus fornece um surpreendente resumo da Lei de Deus: “Sede vos
perfeitos”. Sim, este é outro propósito da Lei de Deus. Ela mostra o padrão e
estilo de vida que Deus deseja que tenhamos. Nosso Senhor estava ensinando
sobre a Lei de Deus. Sua instrução oferecia um entendimento mais profundo da
Lei do que os mestres dos dias de Jesus tinham alcançado. Ele mostrava como a
Lei ia muito mais além de um simples comportamento exterior.
O
estilo que Jesus usou dar esse entendimento mais profundo foi: “Ouvistes que
foi dito... Eu, porém, vos digo...”. Isto é, seus ouvintes tinham ouvido um
ensino sobre a Lei que ficava aquém do padrão divino, pois limitava-se apenas
ao comportamento exterior. Em Mateus 5.27-28, por exemplo, ele chamou atenção
para o mandamento sobre o adultério da seguinte forma: “Ouvistes que foi dito:
‘Não adulterarás’. Eu, porém, vos digo: ‘qualquer que olhar para uma mulher com
intenção impura, no coração, já adulterou com ela’.” No que diz respeito a
Deus, quando imaginações sensuais são acolhidas em nossos pensamentos, o
adultério já foi praticado.
Outro
exemplo ocorre em Mateus 5.21-22. Jesus usou o mesmo padrão de instrução para
revelar a perspectiva de Deus sobre o assassinato: “Ouvistes que foi dito aos
antigos: ‘Não matarás’; e ‘Quem matar estará sujeito a julgamento’. Eu, porém,
vos digo que ‘todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão estará
sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a
julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de
fogo’.” Quando a ira vingativa inunda nossos pensamentos, isto é o mesmo que abrigar
um espírito homicida dentro do coração. Tanto o assassinato quanto a ira
vingativa merecem o mesmo julgamento. Esses exemplos mostram claramente que os
mandamentos da Lei de Deus podem ser transgredidos por atitudes invisíveis do coração,
tanto como por ações visíveis do corpo.
Novamente,
Jesus oferece um resumo da Lei, dizendo: “Sede vós perfeitos”. Na Lei, Deus
requer uma perfeição que esteja à altura do seu próprio caráter perfeito de
Pai. O padrão é ele mesmo. A Lei diz que devemos ter dentro de nossos corações,
e manifestar por meio de nossas ações, um caráter que se equipara ao de Deus. A
Lei revela o caráter perfeito de Deus, e estabelece o padrão e estilo de vida
perfeitos que o Senhor requer dos seus filhos. “Portanto, sede vós perfeitos
como perfeito é o vosso Pai celeste.”
Oremos ao Pai celeste, reconhecendo
que estas palavras são humilhantes e condenatórias; que ele é perfeito em tudo;
e que nós somos imperfeitos em tudo. Estejamos conscientes de que mesmo as
ações que pensamos ser aceitáveis aos olhos de Deus, são ações contaminadas por
atitudes inaceitáveis por estarem muito longe do padrão de perfeição divino.
Roguemos por sua graça e misericórdia; olhemos para o Senhor como o único que
possui o remédio adequado, busquemos seu perdão e seu poder transformador por
meio de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Lembremo-nos que ele opera em
nós o querer e o realizar (Filipenses 2.13).