Precisamos
da graça inicial de Deus, pois sem ela não há novo nascimento e justificação em
Cristo. Precisamos da graça contínua de Deus, pois sem ela não há vida de comunhão
e de santificação. Precisamos, também, crescer no usufruir da graça de Deus.
Por meio do apóstolo Pedro, o Senhor nos faz a seguinte exortação: “Vós, pois,
amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que,
arrastados pelo erro desses insubordinados, descaiais da vossa própria firmeza;
antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo” (2 Pedro 3.17-18).
Reflitamos
um pouco sobre o território celestial que temos explorado até aqui. A graça é
para o nosso crescimento e progresso espiritual no Senhor. Ela não tem apenas o
propósito de produzir o novo nascimento e dar início a nossa caminhada com o
Senhor. A Escritura afirma: “Antes, crescei na graça... de nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo”. O crescimento em Cristo deve ser produzido pela graça
de Deus operando em nós.
Frequentemente,
o povo de Deus fica apreensivo acerca da ênfase na sua graça. Ficamos
preocupados de que essa ênfase possa resultar em irresponsabilidade,
incredulidade, indolência e indulgência. Todavia, podemos descansar seguros nas
promessas e propósitos de Deus de que a verdadeira graça não resultará nessas
coisas. Esses efeitos são produzidos pela natureza pecaminosa do homem, quer
pela licenciosidade, quer pelo legalismo.
A
licenciosidade tem a esperança de transformar a graça em um meio pelo qual a
indulgência pecaminosa se torne aceitável. “Pois certos indivíduos se
introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente
pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em
libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor,
Jesus Cristo” (Judas 4). O legalismo aspira adicionar realizações religiosas à
graça, apelando, por meio delas, às esperanças autojustificadoras do homem.
“Quero apenas saber isto de vós: recebestes o espírito pelas obras da lei ou
pela pregação da Fé? Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito,
estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?” (Gálatas 3.2-3).
Quando uma pessoa vive verdadeiramente pela graça, o
resultado é justiça, não injustiça. Quando uma pessoa aprende a extrair mais e
mais da graça de Deus para sua vida diária, se desenvolve à semelhança com
Cristo, não à semelhança com o mundo. Quando a graça se torna mais e mais a
fonte de vida, o pecado diminui em vez de aumentar. “Porque o pecado não terá
domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Romanos
6.14).
Somos
tentados a confiar na Lei de Deus a fim de gerar santidade. A exigência da Lei
para que sejamos santos, amemos e sejamos perfeitos pode tornar-se uma falsa
segurança para nossa natureza pecaminosa. Pensamos que, mediante o ouvir, o repetir
e o depender desta exigência, podemos cumpri-la. “Portanto, por um lado, se
revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade (pois a
lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança
superior, pela qual chegamos a Deus” (Hebreus 7.18-19). A graça de Deus é a
“esperança superior” que não falha em produzir o que Deus deseja.
O
Senhor ordena que tenhamos um envolvimento vitalício com sua graça. Ele quer
operar em nós “graça sobre graça” (João 1.16) por toda a nossa vida. Este é o
“novo e vivo caminho” (Hebreus 10.20). Talvez, isto possa ser resumido por meio
de um acróstico com a palavra inglesa para graça: Glorious Realities
As Christ Empowers (que pode ser traduzido como: gloriosas
realidades tal como capacitadas por Cristo).
Rendamos graças ao Deus Pai por sua
abundante provisão para nosso crescimento espiritual. Confessemos a insensatez de
pensarmos que precisamos de algo além do que a graça fornece para
desenvolvermos a santidade. Reconheçamos a necessidade de crescimento segundo a
imagem de Cristo; e supliquemos para que ele nos lembre e nos convença de que
sua graça é a única esperança suficiente.