Lemos, em 1 Coríntios 10, uma extraordinária confissão
do apóstolo Paulo. Ele diz: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua
graça, que me foi concedida, não se tomou vã; antes, trabalhei muito mais do
que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo”.
A graça de Deus não é apenas sua dinâmica para
produzir fruto espiritual em nossas vidas, ele também é seu meio de desenvolver
boas obras em nós. O apóstolo Paulo dá um vigoroso testemunho desta verdade.
Ele tomou-se o líder da igreja apostólica que se empenhou mais nas boas obras
do que qualquer outro cristão. Ele afirma, “trabalhei mais do que todos eles”.
Ninguém trabalhou mais do que Paulo. Ele viajou pelo
mundo conhecido pregando o evangelho. Ele discipulou no Senhor Jesus aos que
lhe foram confiados. Ele reuniu os que creram em igrejas, agindo como seu
primeiro pastor. A seguir, ele designou líderes e até mesmo as visitou em
outras ocasiões, a fim de encorajá-las e treiná-las. Além disso, ele escreveu a
maior porção do Novo Testamento, principalmente enquanto esteve preso.
Sim, Paulo trabalhou mais do que todos eles. Em outra
carta ele escreveu, “Para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais
possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim” (Colossenses
1.29). Em outro lugar ele afirmou, “Porque vos recordais, irmãos, do nosso
labor e fadiga; e de como, noite e dia labutando para não vivermos à custa de
nenhum de vós, vos proclamamos o evangelho de Deus” (1 Tessalonicenses 2.9).
Igualmente, ele escreveu aos cristãos em Corinto, “São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos,
muito mais; muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte,
muitas vezes.... em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de
salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos
na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos
irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns
muitas vezes; em frio e nudez” (2 Coríntios 11.23, 26-27).
Quão surpreendente é aprender que Paulo não foi a
causa por trás destas extraordinárias realizações. Isto dica claro em sua
confissão, “todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo”. Paulo empenhou-se por
causa do evangelho de Jesus Cristo. Como um homem pode trabalhar tão ativamente
e ainda não ser a causa desse empenho? A reposta encontra-se no restante de seu
testemunho, “a graça de Deus comigo”. A graça de Deus que operava na vida de
Paulo era a eficácia dinâmica que produziu aquele labor piedoso aqui na terra.
Ele declara, “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou”. Se colocarmos nossa
esperança no Senhor, sua graça se mostrará eficaz em nossas vidas também,
dando-nos um testemunho semelhante ao de Paulo, “e a sua graça, que me foi
concedida, não se tomou vã”.
O acesso a esta graça transformadora está, uma vez
mais, ligada às duas realidades relacionais de humildade e fé. Paulo
humildemente admitiu este fato, “todavia, não eu”. Ele também exerceu fé nesta
verdade, “mas a graça de Deus comigo”.
Clamemos ao Deus de toda graça
que atue com sua graça em nossa vida, produzindo boas obras em abundância, tal
como fez com Paulo. Desejemos, como Paulo, empregar nossa vida no serviço a
Deus. Não precisamos ser o que Paulo foi, apenas necessitamos confiar na graça
de Deus; a mesma graça que não foi inútil na vida de Paulo. Desse modo,
humildemente, confessemos nossa incapacidade de realizar boas obras por nós
mesmos, e confiemos na graça eficaz de Deus.