“Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus.” (2 Coríntios 7.1)
Todos nós
já ouvimos histórias de crianças abandonadas, crianças que foram morar nas
ruas, e que um dia foram adotadas por uma família ou recolhidas em uma
instituição.
Imaginemos
uma dessas crianças. Ela não tem lar, mora com outras crianças, alimenta-se do
que encontra no lixo, ou do que lhe dão. Dorme sobre jornais, cobre-se com um
cobertor em farrapos, em um cantinho da rua. Certamente não cuida de sua
higiene pessoal – não toma banho, não troca de roupa, não se penteia nem escova
os dentes. Talvez nem mesmo saiba o que sejam esses cuidados. Vivendo pelas
ruas, em contato com todo tipo de males, ela absorve vícios e impurezas
próprios de uma vida assim.
Contudo,
certo dia, essa criança é adotada por um casal. Chega a sua nova casa imunda,
descalça, cheirando mal, com roupas sujas e rasgadas e o cabelo comprido e
embaraçado. A primeira coisa que sua mãe adotiva faz é tirar-lhe as roupas
imprestáveis e colocá-la debaixo de um chuveiro ou numa banheira. Haja
sabonete, xampu, água quente e bucha! Esse primeiro banho precisa ser demorado
e minucioso. A mãe irá esfregar bem todo o seu corpo, da cabeça aos pés. Esse
primeiro banho é de grande importância para que a criança entre para a família
e conviva com ela. É um banho histórico.
Terminado o
banho, a criança, agora limpa e enxuta, veste roupas adequadas e limpas. Seu
cabelo é cortado e penteado; as unhas, cortadas, e os dentes, escovados. Agora
ela está pronta para começar uma nova vida, em uma nova casa com pais, irmãos,
amigos e parentes, dos quais recebe atenção e carinho.
Passada a
euforia da chegada na casa e do primeiro banho, a mãe adotiva observa algumas
manchas atrás da orelha, uma sujeira encardida, agarrada à pele da criança. No
banho seguinte, ela esfrega mais forte e demoradamente aquele lugar, até
remover o encardido. Seguramente a pele ficou um pouco irritada e a criança não
gostou muito, mas a mãe se dá por satisfeita. Dias depois, descobre outro
encardido, desta vez nos joelhos. Repete o mesmo processo doloroso até retirar
o encardido. Mais adiante, outras manchas se revelam: nos calcanhares, nos
tornozelos, na nuca e etc. Novamente, com todo zelo, a mãe se empenha por
removê-las, até que finalmente a criança está totalmente livre dos encardidos.
A partir de então a mãe cuidará apenas da poeira do dia-a-dia.
Essa
história assemelha-se à nossa história. No dia em que fomos salvos e entramos
para a família de Deus, sendo adotados por ele, tomamos um “belo banho”. Fomos
lavados da sujeira do pecado, a qual havia se acumulado por vários anos. Neste
primeiro e histórico banho, nos arrependemos de nossa vida de pecados, de nossa
rebeldia contra Deus e recebemos o perdão do Pai celeste. Abandonamos a vida de
apego ao pecado, renunciamos ao erro e fomos lavados da sujeira. Tivemos nossas
roupas sujas e rotas jogadas fora e recebemos uma nova roupa – a justiça de
Cristo. Nesse dia, limpos pelo sangue de Cristo, nos sentimos leves, limpos,
seguros e em paz com Deus.
Entretanto,
à medida que os dias passam, ao nos colocarmos diante do espelho da Palavra de
Deus, observamos certas manchas não removidas pelo primeiro banho. São
encardidos em nosso caráter, em nossa personalidade, em nossa conduta e em nossos
hábitos que ficaram agarrados a nós. Esses encardidos precisarão de uma atenção
especial. São hábitos impuros, vícios mentais, maneiras erradas de reagir a
determinadas situações, sentimentos de cobiça, inveja, ganância e etc. Estavam
escondidos debaixo da sujeira geral, mas que agora começam a ser percebidos. O
Espírito Santo, mediante a Escritura, os revela e mostra que precisam ser
removidos. Nosso Pai celestial deseja remover esses encardidos, e o faz
dando-nos um banho mais específico, esfregando mais forte e demoradamente
aquele lugar (Hebreus 12.4-7).
De nossa
parte, precisamos reconhecer os encardidos, confessá-los em arrependimento,
tomar a decisão de renunciar a tal prática ou atitude e pedir ao nosso Pai que
esfregue até remover por completo o encardido, mesmo que isso nos faça sofrer
um pouco. Certamente a alegria da purificação será infinitamente superior à dor
da limpeza.