Solidariedade é uma palavra que, de
tempos em tempos, vem à tona, particularmente quando ocorre alguma catástrofe –
terremoto ou tsunami, por exemplo – mas que é esquecida em tempos normais. A
Escritura nos diz, entretanto, que a solidariedade deve ser uma característica
permanente na vida do cristão. Lemos, por exemplo, em Gálatas 6.2, “Levai as
cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo”; e em João 13.35,
“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos
outros”.
De fato, o próprio Deus, Criador e
Sustentador do universo, é o exemplo supremo de solidariedade. O primeiro ato
divino de solidariedade em benefício do homem foi a criação da mulher. Adão
estava só e Deus sabia que a solidão não lhe seria benéfica. Deus disse: “Não é
bom que o homem esteja só” (Gênesis 2.18a), e a seguir decidiu, “far-lhe-ei uma
auxiliadora que lhe seja idônea” (Gênesis 2.18b). Deus estabeleceu, assim, o
vínculo entre o homem e a mulher: uma relação solidária de companheirismo e
amor.
A solidariedade de Deus não parou
por aqui. Consultando o Antigo Testamento, observamos constantemente a ação
divina na assistência ao povo escolhido, Israel. No livro de Salmos,
encontramos Davi reconhecendo: “Esperei confiantemente pelo Senhor; ele se
inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro” (Salmo 40.1).
Essa solidariedade de Deus para com
o homem teve sua expressão máxima na vinda de Cristo, quando o Filho de Deus,
deixando a glória que tinha com o Pai, “a si mesmo se esvaziou, assumindo a
forma de servo, tornando-se em semelhança de homens” (Filipenses 2.7). Deus
identificou-se com o homem miserável e pecador.
E o clímax dessa solidariedade se
consumou na cruz, quando o Filho de Deus, Jesus Cristo, “reconhecido em figura
humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de
cruz” (Filipenses 2.7-8), a fim de resgatar o homem do pecado e da miséria em
que se encontrava.
Tendo tal exemplo, devemos nós
também ser solidários uns para com os outros. A solidariedade se exterioriza na
necessidade de socorro mútuo, na assistência recíproca, no interesse em servir.
O ensino de Cristo nos conduz nessa direção. Ele diz: “Amarás o teu próximo
como a ti mesmo” (Mateus 22.39).
O verdadeiro cristianismo não é
teoria sem prática, a teologia acadêmica ou a frieza doutrinária. Cristianismo
é amor em ação, é exercício de atenção para com o próximo, é socorro, simpatia
e interesse pelo ser humano carente espiritual, física, psicológica, material e
socialmente. É alegria em servir cumprindo a lei de Cristo, a qual ordena levar
as cargas uns dos outros.
Você
já pensou no dinamismo do Evangelho que anuncia a Cristo e socorre o
necessitado? Então conclua comigo: a vida cristã deve ser marcada pela prática
do amor e da solidariedade, condições indispensáveis para um cristianismo fiel
e autêntico.