Na
promessa de Deus, na Aliança da Graça, de ser o nosso Deus, estão implícitos
inumeráveis benefícios. Entre esses quatro se destacam, sendo o primeiro: Reconciliação
e união com Deus para que ele seja o nosso Deus em sua natureza e em seus
atributos.
Devemos,
primeiramente, enfatizar a reconciliação e a união com Deus, porque ele não
pode ser chamado de nosso senão depois de ser apaziguado e reconciliado. De um juiz
irado procede um Pai misericordioso, que não apenas se digna outorgar-nos
liberalmente seus bens, mas se dá a nós para que, mais tarde, possamos nos gloriar
nele como nosso Deus e nossa porção (Salmo 16.5; 73.26; 119.57; Oséias 2.23). Ele
se dá a nós como um esposo que nos abraça junto a seu coração com eternas
misericórdias (Oséias 2.19; Cantares 2.16); como um pai que nos adota em sua
família (2 Coríntios 6.18); como um líder e rei que nos separa para sermos seu
povo escolhido, com quem faz uma aliança ofensiva e defensiva, para nos proteger
com seu escudo contra os assaltos de todos os nossos inimigos. Deus de tal
maneira se dá a nós que chega ao ponto de ser nosso no tocante a todos os seus
atributos. São nossos por fruição e uso, porque seus efeitos salutares fluem
para nós. Nossa é a sabedoria de Deus para orientação; o poder de Deus para
proteção; a misericórdia de Deus para a remissão de pecados; a graça de Deus
para santificação e consolação; a justiça de Deus para a punição dos inimigos;
a fidelidade de Deus para o cumprimento das promessas; a suficiência de Deus
para a comunicação de todas as formas de felicidade. E como o pecado nos trouxe
inumeráveis males, achamos um remédio para todos eles nos atributos divinos:
sabedoria que cura nossa ignorância e cegueira; graça que cura nossa culpa;
poder que cura nossa fraqueza; misericórdia que cura nossa miséria; bondade que
cura nossa perversidade; justiça que cura nossa iniqüidade; suficiência e
plenitude de Deus que curam nossa pobreza e indigência; fidelidade que cura
nossa inconstância e leviandade; santidade que cura nossa impureza; e vida que
cura nossa morte.
Deus é nosso pessoalmente, uma vez que as pessoas individuais da
Trindade são nossas e se doam a nós para a realização da obra de redenção: o
Pai elegendo; o Filho redimindo; o Espírito Santo santificando. Ele se torna
nosso Pai por meio de adoção, quando nos recebe em sua própria família e nos
estima, nos nutre e nos ama como filhos (1 João 3.1). O Filho se torna nosso
por meio de fiança, quando se oferece como o Fiador, para fazer satisfação por
nós; e como cabeça, para nos governar e nos vivificar. Ele se torna nosso como
o Profeta, revelando salvação pela luz de sua doutrina; nosso Sacerdote, que a
adquire por seu mérito; e nosso Rei, que a aplica, uma vez adquirida, pela
eficácia do Espírito. O Espírito Santo se torna nosso quando nos é enviado e se
doa a nós como santificador e consolador, para habitar em nós tendo-nos como
seu templo e nos enriquecer com suas bênçãos, luz, energia, júbilo, liberdade,
santidade e felicidade. Assim nossa comunhão é com o Pai e o Filho e o Espírito
Santo (1 João 1.3; 2 Coríntios 13.13). Por isso o batismo, que é um selo da aliança
da graça, é administrado em seu nome, para que sejamos consagrados como filhos do
Deus Pai, como membros do Deus Filho e como templos do Deus Espírito Santo; e
desfrutemos das bênçãos que fluem de cada pessoa – a misericórdia do Pai, a graça
do Filho e o poder do Espírito Santo.