Por
que será que as verdades que nos ferem mais fortemente são exatamente aqueles
que mais precisamos acatar? Quando uma pessoa sofre um acidente, ela precisa
tratar das partes do corpo que foram feridas. O mesmo se aplica a nossa vida
espiritual. Quando nossa vida é ferida pelo pecado, por enganos ou pensamentos
errôneos, precisamos aplicar a Palavra de Deus sobre o que está errado. Veja o
que a escritura diz: “Enviou-lhes a sua palavra, e os sarou, e os livrou do que
lhes era mortal” (Salmo 107.20).
O
curioso nesse processo é que, devido à inclinação da natureza humana para a
rebeldia, temos a tendência de resistir ao toque da Palavra de Deus exatamente
nos pontos onde mais precisamos. O rebelde despreza interiormente os textos
bíblicos que exigem submissão. Os temerosos rejeitam aqueles textos que os
instruem a ser corajosos e decididos, e tendem a ignorá-los. Os que amam o
dinheiro detestam as proibições claras de Deus com relação a avareza e ao amor
ao dinheiro. Os orgulhosos resistem às determinações de Cristo acerca do negar
a si mesmo e ao revestir-se de humildade. O impaciente zomba dos textos onde
Deus exige paciência, perseverança e esperar nele, procurando racionalizá-los.
Os adúlteros detestam as exortações do Novo Testamento acerca da ira de Deus
contra a impureza. O rancoroso ignora deliberadamente o ensino bíblico acerca
da misericórdia e do perdão.
O
fato é que muitos filhos de Deus desprezam e ignoram a Palavra de Deus de que
tanto necessitam, e que iria libertá-los do pecado e curá-los da inclinação de
sua natureza pecaminosa. Desse modo, em vez de sararem essas feridas, elas se
tornam purulentas e o mal se agrava mais e mais. É contra essa situação que
Deus soa a trombeta, dizendo: “Tende cuidado, não recuseis ao que fala. Pois,
se não escaparam aqueles que recusaram ouvir quem, divinamente, os advertia
sobre a terra, muito menos nós, os que nos desviamos daquele que dos céus nos
adverte” (Hebreus 12.25) e “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o
coração, como em Meribá, como no dia de Massá, no deserto, quando vossos pais
me tentaram, pondo-me à prova, não obstante terem visto as minhas obras” (Salmo
95.7-9).
Deus
está dizendo a nós que precisamos ouvir a palavra de correção, quer gostemos
dela ou não. E quanto mais alto protestarmos, mais certos podemos estar de que
o Espírito Santo apontou um erro contumaz em nós com sua precisão de sempre. A
Escritura nos diz: “Filho meu, não menospreze a correção que vem do Senhor, nem
desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e
açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos
trata como filhos); pois, que filho há que o pai não corrige? Mas, se estais
sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e
não filhos” (Hebreus 12.5-8). O Senhor Deus lida conosco como filhos. Ele nos
ama e, por isso nos corrige. A pessoa que se considera bastarda, discorda de
Deus e rejeita seu amor e correção. A pessoa que reconhece ter sido adotada
como filho de Deus, concorda e aceita seu amor e correção. Veja o exemplo de
Davi em 2 Samuel 12. Ele pecou, foi repreendido por Deus por meio do profeta
Natã, reconheceu seu pecado, o confessou e foi perdoado e curado. Esse também é
o testemunho do autor do Salmo 119, ele diz: “Antes de ser afligido, andava
errado, mas agora guardo a tua palavra” (Salmo 119.67).
Quando pecarmos e
formos repreendidos pelo Senhor nosso Deus, quer diretamente por sua Palavra
quer indiretamente por meio de seus mensageiros, não rejeitemos nem desprezemos
sua Palavra. Não endureçamos nosso coração. O Senhor nos ama e quer perdoar-nos
e curar as feridas do pecado e da rebeldia. Lembremo-nos de que, “Toda
disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de
tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por
elas exercitados, fruto de justiça” (Hebreus 12.11). Não rejeitemos com orgulho
e teimosia as repreensões do Senhor, antes nos rendamos e aceitemos sua
correção amorosa com gratidão.