Continuando
nossa consideração sobre a antiga e a nova alianças, vejamos outra diferença
significativa existente entre elas. “Tendo, pois, tal esperança, servimo-nos de
muita ousadia no falar. E não somos como Moisés, que punha o véu sobre a face,
para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do que se desvanecia”
(2 Coríntios 3.12-13).
Viver
com base na antiga aliança da lei requer uma “vida baseada no desempenho”, a
qual depende da suficiência humana. Isto produz escravidão espiritual. Viver
com base na nova aliança da graça provê uma “vida baseada no relacionamento”, a
qual depende da suficiência de Deus. Isto resulta em liberdade espiritual.
Moisés
foi um grande servo do Senhor. Ele é, de muitas maneiras, um maravilhoso
exemplo para nós. Contudo, nos presentes versículos, o vemos vivendo com base
em sua própria suficiência, exemplificando, assim, a vida sob a lei. Quando
Moisés se encontrou com o Senhor para a promulgação lei, sua face brilhou. Para
o benefício de seu povo, ele colocou um véu sobre essa glória brilhante:
“Moisés, que punha véu sobre a face”. Quando essa glória começou a desvanecer
(como foi planejado acontecer), Moisés manteve o véu “para que os filhos de
Israel não atentassem na terminação do que se desvanecia”. Nisto, Moisés foi
capturado na escravidão do segredo. Ele não queria que os outros vissem a
glória desvanecendo. Ele queria que os outros pensassem que sua face ainda
estava brilhando.
Todos
nós somos tentados, às vezes, a esconder-nos por trás do véu do segredo. Este é
particularmente o caso quando estamos confiando em nossa suficiência. Quando nos
baseamos em nossos recursos insuficientes, geralmente sentimos que não estamos
indo tão bem quando deveríamos, porque temos consciência do que a Escritura
afirma: “não que, por nós, mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como
se partisse de nós” Assim, tentamos nos esconder. Queremos que os outros pensem
que nossa caminhada espiritual é mais gloriosa do que realmente é. Desse modo,
colocamos sobre nós mesmos véus de pretensão, de justiça própria, ou de auto
justificação. O remédio para esta escravidão do segredo é viver com base na
nova aliança da graça.
Somos
servos da nova aliança, como declara a Escritura: “E é por intermédio de Cristo
que temos tal confiança em Deus; não que, por nós mesmos, sejamos capazes de
pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa
suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova
aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito
vivifica” (2 Coríntios 3.4-6). Deus nos faz suficientes mediante o compartilhar
seus recursos plenamente adequados conosco; como é dito: “a nossa suficiência
vem de Deus” (2 Coríntios 3.5). Esta é nossa esperança eficaz para evitar a
escravidão do segredo que se apossou de Moisés. “Tendo, pois, tal esperança,
servimo-nos de muita ousadia no falar. E não somos como Moisés” (2 Coríntios
3.12-13). Aqueles que vivem com base na graça de Deus possuem esta esperança.
Suas expectativas estão ancoradas no Senhor, não em si mesmos. Assim, eles
podem ser ousados, abertos e sinceros. Se eles falham, humildemente confessam
sua insuficiência. Se são bem-sucedidos, eles abertamente atribuem isso à
suficiência de Deus.
Portanto, em oração, coloquemo-nos
diante do Senhor, nossa única esperança e suficiência, reconhecendo que somente
ele pode nos libertar da escravidão que resulta do confiarmos em nós mesmos, e,
de acordo com sua Palavra, cada dia, busquemos nele o suprimento diário que
necessitamos para a vida em santidade.