“Pois tenho ouvido a murmuração de muitos, terror por todos os lados; conspirando contra mim, tramam tirar-me a vida. Quanto a mim, confio em ti, Senhor. Eu disse: tu és o meu Deus” (Salmo 31.13-14).
Viver pela graça envolve olhar para
o Senhor como o único que deve operar seus caminhos em nossa vida e por meio
dela. Outra indicação distintiva de que Davi viveu desta maneira foi seu hábito
de confessar o Senhor como o seu Deus. Observe suas palavras: “Eu disse: tu és
o meu Deus”.
Essas confissões, feitas por Davi,
não eram mera cerimônia religiosa, feitas em ambientes de tranquilidade e
segurança. Pelo contrário, ele fez essas confissões em períodos de ameaça e de
impossibilidade. Quando Davi proferiu essa confissão em particular, muitas
pessoas estavam vindo contra ele com uma avalanche de ataques difamadores. Davi
diz: “Pois tenho ouvido a murmuração de muitos”. A situação era tão ruim que
circunstâncias terríveis o cercavam, como ele relata, “terror por todos os
lados”. Seus difamadores estavam conspirando contra ele, visto que ele relata:
“conspiram contra mim”. O objetivo dessas pessoas era uma vitória total; eles
estavam conspirando a fim de destruí-lo completamente: “tramam tirar-me a
vida”.
Davi, como muitos filhos de Deus,
encontrou-se frequentemente envolvido em situações de conflito. Um desses
muitos conflitos incluiu insultos cruéis, que até mesmo acusavam Davi de ser
desamparado pelo Senhor. Como somos informados no Salmo 71: “Pois falam contra
mim os meus inimigos; e os que me espreitam a alma consultam reunidos, dizendo:
Deus o desamparou; persegui-o e prendei-o, pois não há quem o livre” (v.
10-11).
Outro conflito foi acompanhado pelo
mesmo tipo característico de dor. Davi estava sob a ameaça de morte pelas mãos
de Saul, o rei a quem ele tinha servido fielmente. O cabeçalho do Salmo 59
registra esta oposição dolorosa, dizendo: “Ao mestre de canto, segundo a
melodia ‘Não destruas’. Hino de Davi, quando Saul mandou que lhe sitiassem a
casa, para o matar”.
Uma oposição trouxe a Davi uma
medida única de agonia pessoal. Esta ocorreu quando o próprio filho de Davi,
Absalão, veio para usurpar o trono de seu pai. Acerca disso, lemos: “Senhor,
como tem crescido o número dos meus adversários! São numerosos os que se
levantam contra mim. São muitos os que dizem de mim: Não há em Deus salvação
para ele” (Salmo 3.1-2). O cabeçalho desse Salmo indica que Absalão liderou
esse exército de insurgentes, dizendo: “Salmo de Davi quando fugia de Absalão,
seu filho”.
Em cada uma dessas cruéis e
dolorosas traições Davi confessou que o Senhor era o seu Deus. Observe, “Quanto
a mim, confio em ti, Senhor. Eu disse: tu és o meu Deus” (Salmo 31.14). “Não te
ausentes de mim, ó Deus; Deus meu, apressa-te em socorrer-me” (Salmo 71.12).
“Livra-me, deus meu, dos meus inimigos; põe-me acima do alcance dos meus
adversários” (Salmo 59.1). “Levanta-te, Senhor! Salva-me, Deus meu, pois feres
nos queixos a todos os meus inimigos e aos ímpios quebras os dentes” (Salmo
3.7).