Escrevendo
às igrejas da Galácia, a fim de corrigir distorções do Evangelho de Jesus
Cristo produzidas pelos judaizantes, o Senhor, por meio do apóstolo Paulo, diz:
“Dizei-me vós, os que quereis estar sob a lei: acaso, não ouvis a lei?”
(Gálatas 4.21) Em seguida, o Senhor revela que duas personagens do Antigo
Testamento – Sara e Agar – são alegorias referentes a duas alianças. Atentemos,
no entanto, para a pergunta: “Acaso, não ouvis a lei?” Essa pergunta chama
nossa atenção para o fato de que é possível não ouvir a Lei, isto é, não
entender sua mensagem. É possível ouvi-la de maneira errada, entendendo algo
que ela, de fato, não diz. O não ouvir corretamente a Lei gera distorções no
entendimento do Evangelho de Jesus Cristo e na vida cristã.
Quando
uma pessoa de fato não ouve o que a Lei de Deus diz, ela pode desejar estar sob
a Lei. Aqueles que estão perdidos e morrendo no mundo frequentemente subestimam
a mensagem da lei. Eles imaginam que a Lei apenas os está chamando para
frequentar os serviços religiosos ou para juntarem-se a organizações
religiosas. Deste modo, ao não compreenderem a mensagem da Lei, eles escolhem
permanecer sob ela, confiando em seu melhor comportamento para capacitá-los de
alguma maneira a enfrentar algum julgamento final a respeito do céu ou do
inferno. Esta é uma consequência do não ouvir a lei.
Muitos
daqueles que são redimidos, tendo encontrado nova vida por meio da fé em
Cristo, igualmente querem manter-se sob a lei que diz respeito ao crescimento e
ao serviço espirituais. Esta é outra consequência de não ouvir a lei. Qualquer
cristão que espera progredir em uma vida agradável ao Senhor, com base em seus
próprios melhores esforços, realmente não ouve o que a lei revela como vontade
de Deus para sua vida.
A
Lei de Deus não sugere que “sejamos melhores”; ele exige que “sejamos santos”
assim como Deus é santo. A Lei diz: “Santos sereis, porque eu, o senhor, vosso
Deus, sou santo” (Levítico 19.2). A Lei não sugere que “sejamos agradáveis”;
ela requer que “amemos” assim como Cristo. A Lei diz: “Não te vingarás, nem
guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti
mesmo. Eu sou o Senhor” (Levítico 19.18). A Lei não propõe que “nos esforcemos
mais”; ela insiste que “sejamos perfeitos” como nosso Pai celestial. A Lei diz:
“Guardareis todos os meus estatutos e todos os meus juízos e os cumprireis. Eu
sou o Senhor” (Levítico 19.37).
A
Lei de Deus não nos convida a melhorarmos a nós mesmos ou a sermos melhores que
o nosso próximo. Essa afirmação incorreta é ouvida muitas vezes: “Faça o melhor
que você puder; o que mais Deus poderia exigir?” Bem, Deus exige algo muito
além de nosso melhor. Sua Lei exige que “sejamos santos”, “amemos” e “sejamos
perfeitos”. Sendo ele mesmo é o padrão dessa santidade, amor e perfeição, ele
não aceita nada menos que perfeita conformidade com seu padrão.
Deus é santo, Deus é
amor e Deus é perfeito. Nós, de nós mesmos, não temos nada disso. Estamos
diante dele sem qualquer recurso humano que esteja à altura dessas realidades
celestiais, as quais somente ele possui. Sejamos gratos pela misericórdia de
Deus, pois ele não nos trata segundo nossos pecados merecem. Supliquemos que,
por sua graça, ele opere mais e mais sua santidade em e por meio de nossa vida;
derrame mais e mais de seu amor em nosso coração; e nos transforme mais e mais
à semelhança de sua imagem perfeita.