A partir do momento em que recebemos a Jesus como
nosso Salvador e Senhor pessoal, começamos uma nova vida e entramos em uma
terrível luta espiritual interna. Uma das ocasiões em que a Escritura nos
apresenta essa luta espiritual está em Gálatas. Ali, o Senhor nos diz por meio
de Paulo: “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a
carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja
do vosso querer” (Gálatas 5.17).
Todo crente em Cristo tem passado pela experiência
frustrante de desejar fazer o que agrada ao
Senhor, mas ser incapaz de realmente fazê-lo. Estamos falando aqui de uma luta
espiritual interna por trás dessa falha. “Porque a carne milita contra o
Espírito, e o Espírito, contra a carne.” O Espírito de Deus habita em nossas
vidas. Ele é o “Espírito de santidade” (Romanos 1.4). Ele deseja que sejamos “participantes
de sua santidade” (Hebreus 12.10), e, dessa forma, andemos em piedade. Contudo,
a carne (a natureza pecaminosa) também permanece presente em nossas vidas.
Esses desejos naturais da natureza humana pecadora não são em direção da
santidade, mas, ao contrário, em direção da autoindulgência e da
autossuficiência. Assim, o que o Espírito Santo deseja e o que nossa carne
almeja são colocados um contra o outro. “Porque são opostos entre si.” A
consequência desse conflito espiritual interno é: “para que não façais o que,
porventura, seja do vosso querer.” Mesmo que desejos piedosos se desenvolvam em
nós como novas criaturas, nos achamos incapazes de efetuar esses novos desejos
mediante nossas boas intenções.
O apóstolo Paulo deu testemunho sobre seu fracasso
nessa luta espiritual interna, dizendo: “Porque não faço o bem que prefiro, mas
o mal que não quero, esse faço” (Romanos 7.19). O problema era que os recursos
pessoais de Paulo (a carne) não eram apropriados para produzir os resultados
desejados. “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem
nenhum, pois o querer o bem está em mim não, porém, o efetuá-lo” (Romanos
7.18). Sim, Paulo tinha alguns desejos piedosos; pois ele diz: “Porque, no
tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus” (Romanos 7.22). No
entanto, havia um problema que ele não conseguia resolver em si mesmo: “Mas
vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente,
me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros” (Romanos
7.23). A tendência ao pecado, que habitava nos membros de Paulo (seu corpo, seu
cérebro) o arrastavam para a derrota. Ele precisava de ajuda.
O acesso a esse resgate divino necessário se deu por
meio de um humilde clamor por libertação: “Desventurado homem que sou! Quem me
livrará do corpo desta morte?” (Romanos 7.24). Essa relevante confissão da
falência espiritual de sua carne o levou a outra confissão de certeza de
vitória: “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de
mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da
lei do pecado” (Romanos 7.25). Essa humilde volta de si mesmo para Cristo lhe
permitiu andar no Espírito (Romanos 8), vivendo mediante seus recursos
vitoriosos: “Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da
lei do pecado e da morte” (Romanos 8.2).
Coloquemo-nos
em oração diante do Libertador Todo-poderoso, e humildemente admitamos não
sermos capazes de efetuar, por nossos próprios esforços, os desejos piedosos
que se desenvolvem em nós; reconheçamos que necessitamos do Senhor Jesus; e
reconheçamos que, muitas vezes, nossas santas intenções têm acabado em derrota
carnal. Clamemos ao Senhor, suplicando pelos recursos do Espírito da vida, a
fim de vencermos nossas lutas contra nossa carne.