terça-feira, 23 de setembro de 2014

A Incapacidade da Lei para Santificar

           Tendo falado sobre a incapacidade estratégica da Lei, e de sua incapacidade para justificar alguém aos olhos de Deus, devemos, agora, ampliar nossa reflexão para a incapacidade da Lei em relação à santificação. Não estamos desprezando a Lei santa e perfeita de Deus, mas precisamos considerar que, embora ela requeira de nós santidade, ela não fornece os recursos necessários ao processo de santificação. Pois, assim como ela exige que sejamos justos, mas não nos oferece os meios para tal; de igual modo ela exige que sejamos santos, mas não nos oferece os meios para sua concretização.
Escrevendo aos gálatas, o Espírito diz por meio de Paulo: “Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?” (Gálatas 3.2-3).
            A primeira pergunta, aqui em Gálatas, traz novamente à mente as questões referentes à justificação. “Recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” Essa pergunta parte da premissa de que aquele que é justificado diante de Deus recebe o Espírito Santo para habitar em seu coração. Portanto, recebemos o Espírito Santo de Deus para habitar em nossas vidas quando nascemos de novo, quando nos tornamos filhos de Deus. Isto é, quando o Senhor nos declarou justificados, justos aos seus olhos.
            Como o Espírito veio habitar em nós? Isto ocorreu mediante nossa performance, tentando viver à altura da lei de Deus? A habitação do Espírito Santo em nós é recompensa por vivermos em obediência à Lei de Deus mediante nossos próprios esforços? Não, ela ocorreu “pela pregação da fé”. Ouvimos as boas novas de que Cristo morreu em nosso lugar, sofrendo a morte que era nossa, e de que ele morreu por causa dos nossos pecados. Ouvimos a verdade de que Jesus, mediante seu sangue derramado na cruz, perdoa nossas iniquidades.
            A fé foi incitada em nossos corações quando consideramos a grande mensagem. Em simples e humilde fé pedimos ao Senhor Jesus para entrar em nossas vidas, ser nosso Salvador pessoal. Ele ouviu nossa súplica e entrou em nossas vidas. E então a Escritura nos diz: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome” (João 1.12). Ao recebê-lo, nos tornamos filhos de Deus e habitação do Espírito Santo.
            A pergunta seguinte aplica o mesmo raciocínio bíblico à santificação. “Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?” Pensar que podemos desenvolver o processo de santificação (isto é, a transformação progressiva à semelhança de Cristo) por meio de nossos próprios recursos humanos (isto é, pela carne) é insensatez espiritual. Pensar que podemos usar os recursos da nossa carne (isto é, da nossa natureza pecaminosa) para trilhar o caminho da santificação é insanidade espiritual.
            Que pensamento surpreendente! Exatamente como nunca poderíamos assegurar nossa justificação diante de Deus mediante nossos melhores esforços, assim é também verdade que nunca poderemos crescer em santificação pessoal por meio de nossos melhores esforços. Sim, “o justo viverá pela fé”, inicial e continuamente. Sua vida espiritual começa pela fé, continua pela fé, e chega ao seu ápice pela fé. Tanto a justificação quanto a santificação são mediante a fé.
            Louvemos ao Senhor por justificar-nos pela fé em seu Filho, o Senhor Jesus Cristo. Sejamos gratos por esta bênção não depender de nossas habilidades ou méritos pessoais. Estejamos convictos de que a santificação é também pela fé, a fim de evitar a tentação de pensar e agir como se pudéssemos alcançá-la por meio de nossos próprios recursos. Sintamo-nos encorajados pelo fato de a santificação ser pela fé, para que coloquemos nossa confiança e dependência unicamente em Cristo.