Tendo
falado sobre a incapacidade estratégica da Lei, e de sua incapacidade para
justificar alguém aos olhos de Deus, devemos, agora, ampliar nossa reflexão
para a incapacidade da Lei em relação à santificação. Não estamos desprezando a
Lei santa e perfeita de Deus, mas precisamos considerar que, embora ela
requeira de nós santidade, ela não fornece os recursos necessários ao processo
de santificação. Pois, assim como ela exige que sejamos justos, mas não nos
oferece os meios para tal; de igual modo ela exige que sejamos santos, mas não
nos oferece os meios para sua concretização.
Escrevendo aos gálatas, o Espírito
diz por meio de Paulo: “Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito
pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois assim insensatos que, tendo
começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?” (Gálatas
3.2-3).
A
primeira pergunta, aqui em Gálatas, traz novamente à mente as questões referentes
à justificação. “Recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da
fé?” Essa pergunta parte da premissa de que aquele que é justificado diante de
Deus recebe o Espírito Santo para habitar em seu coração. Portanto, recebemos o
Espírito Santo de Deus para habitar em nossas vidas quando nascemos de novo,
quando nos tornamos filhos de Deus. Isto é, quando o Senhor nos declarou
justificados, justos aos seus olhos.
Como
o Espírito veio habitar em nós? Isto ocorreu mediante nossa performance,
tentando viver à altura da lei de Deus? A habitação do Espírito Santo em nós é
recompensa por vivermos em obediência à Lei de Deus mediante nossos próprios
esforços? Não, ela ocorreu “pela pregação da fé”. Ouvimos as boas novas de que
Cristo morreu em nosso lugar, sofrendo a morte que era nossa, e de que ele
morreu por causa dos nossos pecados. Ouvimos a verdade de que Jesus, mediante
seu sangue derramado na cruz, perdoa nossas iniquidades.
A
fé foi incitada em nossos corações quando consideramos a grande mensagem. Em
simples e humilde fé pedimos ao Senhor Jesus para entrar em nossas vidas, ser
nosso Salvador pessoal. Ele ouviu nossa súplica e entrou em nossas vidas. E
então a Escritura nos diz: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder
de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome” (João
1.12). Ao recebê-lo, nos tornamos filhos de Deus e habitação do Espírito Santo.
A
pergunta seguinte aplica o mesmo raciocínio bíblico à santificação. “Sois assim
insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando
na carne?” Pensar que podemos desenvolver o processo de santificação (isto é, a
transformação progressiva à semelhança de Cristo) por meio de nossos próprios
recursos humanos (isto é, pela carne) é insensatez espiritual. Pensar que
podemos usar os recursos da nossa carne (isto é, da nossa natureza pecaminosa)
para trilhar o caminho da santificação é insanidade espiritual.
Que
pensamento surpreendente! Exatamente como nunca poderíamos assegurar nossa
justificação diante de Deus mediante nossos melhores esforços, assim é também
verdade que nunca poderemos crescer em santificação pessoal por meio de nossos
melhores esforços. Sim, “o justo viverá pela fé”, inicial e continuamente. Sua
vida espiritual começa pela fé, continua pela fé, e chega ao seu ápice pela fé.
Tanto a justificação quanto a santificação são mediante a fé.
Louvemos ao Senhor por
justificar-nos pela fé em seu Filho, o Senhor Jesus Cristo. Sejamos gratos por
esta bênção não depender de nossas habilidades ou méritos pessoais. Estejamos
convictos de que a santificação é também pela fé, a fim de evitar a tentação de
pensar e agir como se pudéssemos alcançá-la por meio de nossos próprios
recursos. Sintamo-nos encorajados pelo fato de a santificação ser pela fé, para
que coloquemos nossa confiança e dependência unicamente em Cristo.