segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Benefícios Salvíficos da Aliança da Graça - III


Na promessa de Deus, na Aliança da Graça, de ser o nosso Deus, estão implícitos inumeráveis benefícios. Entre os quatro que se destacam, o terceiro é: Conformidade com Deus por meio da participação na natureza divina e transformação à sua imagem.
Devemos, em terceiro lugar, enfatizar que Deus é nosso com respeito à conformidade. Visto não estar ele satisfeito em derramar sobre nós os efeitos salutares de suas propriedades ou atributos, mas deseja imprimir ainda mais em nós sua marca e semelhança, pelo menos até onde a criatura finita pode suportar, para que sejamos “coparticipantes da natureza divina” (2 Pedro 1.4) e nos adequarmos a ela, posto que é o mais perfeito modo de comunhão.
Como o sol, que envia seus raios a um cristal ou a algum corpo transparente, o faz translúcido ao ponto de brilhar como o sol, assim o Pai das luzes nos ilumina com sua luz, não apenas para dispersar as trevas do erro, do vício e da miséria, mas também para nos comunicar sua luz e nos fazer brilhar como outros tantos sóis. Por isso lemos que “Os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai (Mateus 13.43).
As palavras de Paulo indicam a mesma coisa quando ele diz que “Todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2 Coríntios 3.18). E o apóstolo João, “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é” (1 João 3.2), isto é, nenhuma comunhão pode haver com Deus exceto com base na conformidade com ele.
A conformidade com Deus é dupla, em santidade e virtudes morais, para que sejamos santos, justos, pacientes, misericordiosos e perfeitos como Deus é (Mateus 5.48; 1 Pedro 1.15), e em vida e felicidade, para que desfrutemos de sua imortalidade e glória, “porque eu vivo, vós também vivereis” (João 14.19); e “Tu, porém, és sempre o mesmo, e os teus anos jamais terão fim. Os filhos dos teus servos habitarão seguros, e diante de ti se estabelecerá a sua descendência” (Salmo 102.27-28).
O argumento de Cristo é imbatível aqui, quando ele, usando a fórmula da aliança, demonstrou a imortalidade da alma e a ressurreição do corpo contra os saduceus, porque ele é chamado de “o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (Mateus 22.32), mesmo depois da morte destes. Portanto, “ele não é Deus de mortos, e sim de vivos” (Mateus 22.32). Duas coisas são necessariamente opostas aqui: primeira, que esta fórmula da aliança implica numa comunicação de vida e imortalidade, de modo que todos que são recebidos à comunhão dela se tornam como ele neste particular – o Deus que vive para sempre não pode ter comunhão com os mortos. Segunda, a aliança não foi feita com apenas uma parte do homem, mas com o homem todo, de modo que seus benefícios pertencem ao homem como um todo. Daí vem a necessidade da ressurreição do corpo, para que os crentes venham a ser participantes, em alma e corpo, da vida e da felicidade eternas.