segunda-feira, 21 de abril de 2014

O Medo das Consequências



            Ao ler os evangelhos, você já observou como o número de seguidores de Jesus foi diminuindo à medida que ele se aproximava mais e mais da cruz? No Evangelho de João, lemos a seguinte informação: “À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele” (João 6.66). E, quando a sombra da cruz se tornou mais terrível e ameaçadora, até mesmo os discípulos mais chegados o deixaram, ficando apenas aquele que o negara, mas seguindo-o de longe (Mateus 26.56-58). O medo da cruz assombrou os discípulos da mesma forma que a ideia de morrer aterroriza os homens, hoje. O impulso de autopreservação foi mais forte que o chamado para perseverar com cristo até ao fim.
            Esse mesmo medo impede que muitos, hoje, vivam uma vida cristã comprometida com Cristo. Medo do que possa acontecer ao seu cônjuge, aos seus filhos ou a si mesmo. Pessoas que valorizam mais a autopreservação que o compromisso com Cristo e a obediência a Deus, consideram fanáticos ou irresponsáveis aqueles que assumem tal compromisso de vida, por amor a Cristo. Porém, de fato, os cristãos comprometidos não são nem uma coisa nem outra. São apenas pessoas que negaram a si mesmas e que descobriram que Cristo guarda todos aqueles que se entregam a ele, onde quer que estejam.
            Jesus ensinou que, para sermos seus discípulos, é essencial que nos neguemos a nós mesmos, tomemos sua cruz e o sigamos. O cumprimento dessa ordem exige de nós a decisão de abraçar um tipo de vida comprometida, o que pode, talvez, levar a sofrimentos. O fato de recebermos essa ordem, porém, não significa que tenhamos de cultivar um complexo de mártir, ou de buscar o sofrimento. São ou outros que nos crucificam. Não precisamos nos preocupar em ver quem vem a nós segurando o martelo, os cravos e os espinhos para confeccionar a coroa. Sempre haverá alguém disposto a fazer isso. Mesmo entre aqueles que se dizem crentes. Algumas das marteladas mais dolorosas podem vir de amigos, tal como aconteceu com Jesus “Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o calcanhar” (Salmo 41.9).
            Contudo, apesar de tudo, nosso problema não são os amigos, nem os inimigos; somos nós mesmos em nossa condição de seres caídos. É essa moléstia adâmica da autopreservação, do fugir da cruz e do sofrimento a todo custo. Nós gostamos da tranquilidade, do prazer e do alívio da dor. Gostaríamos de ir para o céu sentados em uma poltrona macia. Nesse aspecto, os dias atuais não nos ajudam em nada. Pelo contrário, intensifica nossa aflição. Parece que somos incapazes de optar por um tipo de vida que possa nos trazer algum incômodo. Como poderemos participar dos “sofrimentos como bom soldado de Cristo”, se o que mais queremos é andar “à vontade em Sião”?
            Infelizmente a cura dessa moléstia está exatamente onde não queremos, em nos rendermos àquilo de que temos medo. É sofrendo que aniquilamos o medo de sofrer. Negando-nos a nós mesmos vencemos o pecado da autopreservação. As experiências que nos atemorizam são o remédio com que somos curados.
            Tentemos fazer a seguinte oração: “Senhor, rendo-me à cruz. Pela tua graça e com a tua ajuda, entrego-me a ti para realizardes em mim o teu plano para a minha vida. Assumo um compromisso de vida contigo.”