Nas
meditações anteriores, falamos sobre a capacidade geral da Lei e se sua ação em
produzir responsabilidade pelo pecado. Contudo, a capacidade ou utilidade da
Lei não se resume a essas duas coisas. Ela possui a capacidade de convencer o
homem de sua rebeldia.
A Escritura diz: “Sabemos, porém, que a lei é
boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo, tendo em vista que não se
promulga lei para quem é justo, mas para transgressores e rebeldes,
irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas,
impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto
se opõe à sã doutrina, segundo o evangelho da glória do Deus bendito, do qual
fui encarregado” (1 Timóteo 1.8-11). “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não
estais sob a lei” (Gálatas 5.18).
Embora
a Lei dada por Deus tenha algumas incapacidades, todavia, ela é boa. Esse é o
ensino bíblico em Romanos 7.12, onde lemos: “Por conseguinte, a lei é santa; e
o mandamento, santo, justo, e bom”. Ela possui cartas capacidades se utilizada
de modo correto, observe a afirmação encontrada em 1 Timóteo 1.8-9, “se alguém
dela se utiliza de modo legítimo”. Essa afirmação indica que a Lei pode ser
aplicada de modo legítimo ou de modo não legítimo. Uma aplicação não legítima
da lei é usá-la para obter a justificação, uma declaração de ser reto aos olhos
de Deus. Se alguém pensa que sua tentativa de obediência à Lei de Deus pode
assegurar um veredito de “não culpado”, essa pessoa está fazendo uso não
legítimo da Lei. Esse é um uso equivocado da Lei, além de ser proibido pelas
Escrituras.
Outra
aplicação não legítima da Lei de Deus é usá-la para obter santificação ou
crescimento espiritual progressivo no Senhor. Se uma pessoa imagina que pode
crescer em piedade ou santidade mediante seus melhores esforços de viver à
altura da Lei, igualmente está equivocado e fazendo uso ilegítimo da Lei. Isto
também é proibido pela Palavra de Deus.
A
Lei, afirma 1 Timóteo 1.8-9, é “para os transgressores e rebeldes”. A Lei de
Deus é para aqueles que são rebeldes em seu coração à vontade e aos caminhos de
Deus. Esta verdade, nesta interpretação básica, é dirigida aos incrédulos, “aos
irreverentes e pecadores”. Vemos aqui, então, que a Lei de Deus é apta para
convencer o rebelde incrédulo de sua rebeldia contra um Deus santo. Essa é uma
aplicação legítima da Lei. A Lei convence o ser humano de sua transgressão,
rebeldia, irreverência, pecaminosidade, impiedade, profanação e de tudo que é
contrário à doutrina saudável e sadia.
Entretanto,
por implicação, há um aspecto dirigido ao cristão também aqui. No que diz
respeito a Deus, nós não estamos “debaixo da lei, e sim da graça” (Romanos
6.14). Todavia, somente aquele que caminha segundo a plenitude do Espírito goza
das bênçãos diárias desta realidade. “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não
estais sob a lei” (Gálatas 5.18), é a declaração das Escrituras. Quando os discípulos
do Senhor Jesus andam de acordo com a carne, eles se colocam na prática sob um
código de conduta. Eles colocam-se a si mesmos sob a lei para praticá-la dia a
dia. A mensagem da Lei, que é para o rebelde, também tem a capacidade de expor
esta condição inaceitável dentro da vida de um cristão que se considera
autossuficiente.
Reconheçamos, diante do Deus de toda
graça, que anteriormente vivemos em rebelião contra ele, que fomos convencidos
pelo Espírito Santo de nossa rebeldia de autojustificação contra sua Lei santa,
e que fomos justificados somente por sua graça quando clamamos pela fé por seu
Filho. Roguemos ao Senhor, pedindo sinceramente que nos convença de erro naquelas
ocasiões em que tentarmos viver pelos recursos de autojustificação de nossa
própria carne; reconhecendo que necessitamos ser santificados dia a dia por sua
graça, assim como fomos justificados pela graça; e clamemos para que essa graça
esteja sempre disponível a nós em Jesus Cristo.