segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A Capacidade Geral da Lei

Falamos da incapacidade da Lei em termos gerais, da incapacidade da Lei em termos de justificar o homem diante de Deus, e da incapacidade da Lei em termos de tornar o homem santo. Agora, devemos tecer alguns comentários acerca da capacidade da Lei, pelo menos em termos gerais.
No Segundo Discurso de Moisés, dirigido a Israel antes de sua entrada na terra prometida e registrado em Deuteronômio, lemos: “Deu-me o Senhor as duas tábuas de pedra, escritas com o dedo de Deus; e, nelas, estavam escritas todas as palavras segundo o Senhor havia falado convosco no monte, do meio do fogo, estando reunido todo o povo” (Deuteronômio 9.10). No Sermão do Monte, o Senhor Jesus apresenta a interpretação correta da Lei escrita pelo dedo de Deus. Para citar apenas um exemplo, ele diz: “Ouvistes que foi dito: ‘Não adulterarás’. Eu, porém, vos digo: ‘qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela’ ” (Mateus 5.27-28).
            Embora a Lei de Deus seja incapaz de justificar ou de santificar, ela possui uma capacidade estratégica no plano de Deus para o homem. Estes versículos da Torá e do Sermão do Monte nos ajudam a refletir sobre esse assunto. Estas duas sessões da Bíblia dizem respeito à Lei de Deus. Torá é a palavra hebraica para lei, ela é aplicada aos cinco primeiros livros da Bíblia (Gênesis a Deuteronômio). Estes livros fornecem uma extensa explicação da mensagem da Lei de Deus. O Sermão do Monte (Mateus 5-7) contém o esclarecimento do entendimento humano da Lei dado por Jesus.
            Quando estas porções da Bíblia são lidas, ou ensinadas, a capacidade geral da Lei entra em operação. Nestas passagens encontram-se revelados o próprio caráter e vontade de Deus. A mensagem relacionada às “duas tábuas de pedra” fala do caráter de Deus, “Eu, o Senhor, teu Deus, sou santo”. O resumo desta mensagem expressa a vontade de Deus para o homem, “Sede santo”. Os detalhes da mensagem indicam como é a santidade na conduta para com Deus e nos relacionamentos com os outros. As palavras de Jesus, consequentemente, ampliam esta mensagem de santidade para as atitudes do coração, mostrando que a obediência à Lei não é apenas exterior, mas interior também.
            A Lei de Deus é seu padrão de medida espiritual. Mediante sua Lei, Deus mede a santidade na vida das pessoas ao revelar sua vontade, a qual está baseada em seu caráter santo. Esta é a razão porque todos nós carecemos “da glória de Deus” (Romanos 3.23). Não estamos à altura do padrão santo de Deus.
            Os instrumentos de medição do homem são uma ilustração útil da lei. Quando um tipo de medição é usado para avaliar a altura da pessoa, ele mede o crescimento ou sua ausência. Ele não produz crescimento humano, apenas afere sua condição. Assim é com a Lei de Deus. A Lei descreve a vida que Deus deseja que vivamos, e mede nossa vida para aferir sua condição. Ela não produz o crescimento espiritual. Somente a graça de Deus operando em nossas vidas é a dinâmica suficiente que produz crescimento espiritual.
Desse modo, a capacidade geral da Lei encontra-se, em primeiro lugar, em ser ela a revelação do caráter santo de Deus e de sua vontade que o homem seja santo. Em segundo lugar, em ser a régua que mede a condição espiritual da vida de uma pessoa com Deus; mostrando, assim, suas carências espirituais.
            Adoremos e louvemos ao Senhor por seu caráter santo, tal como revelado em sua santa Lei. Concordemos com sua vontade e desejemos a santidade em nossa vida. Concordemos, também, que estamos muito longe de viver à altura de seu glorioso padrão. Rendamos graças pelo perdão e purificação de toda nossa injustiça, e por nos vestir com a justiça de seu Filho amado. E coloquemos nossa esperança em Cristo para todo e qualquer progresso no caminho da justiça.