Por
meio do autor de Hebreus, o Senhor nos diz: “Tende cuidado, não recuseis ao que
fala. Pois, se não escaparam aqueles que recusaram ouvir quem, divinamente, os
advertia sobre a terra, muito menos nós, os que nos desviamos daquele que dos
céus nos adverte” (12.25). O Senhor está dizendo que precisamos ouvir a palavra
de correção, quer gostemos dela ou não. De fato, quanto mais alto protestarmos,
mais poderemos estar certos de que o Espírito Santo apontou nosso erro contumaz
com sua precisão de sempre. Em 2 Samuel 12, depois de contar uma história a
Davi, acerca de um homem rico que, ao receber um viajante em sua casa, tomou a
cordeirinha de um homem pobre para a refeição do viajante, e de ver a reação de
furor da Davi contra tal ato, o profeta Natã disse: “Tu és o homem” (v. 7). O
Espírito Santo foi direto ao ponto, indicando precisamente o pecado de Davi.
Em
Hebreus 12, somos advertidos: “Filho meu, não menosprezes a correção que vem do
Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a
quem ama e açoita a todo filho a quem recebe” (v. 5-6). E “Mas, se estais sem
correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não
filhos” (v. 8).
O
bastardo (filho não legítimo) está sempre discordando do diagnóstico que Deus
faz de seu pecado. Ele não reconhece, de maneira alguma, a verdadeira condição
de seu coração. Por outro lado, o filho legítimo aceita a avaliação divina
acerca de suas motivações errôneas, e faz as modificações necessárias em sua
vida. Ele se alegra com a perspectiva de aperfeiçoamento. A ele se aplica a
afirmação e convite de apocalipse 3.19: “Eu repreendo e disciplino a quantos
amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te”.
No
caso citado acima, de Davi e Natã, Davi pecou. Ele cometeu adultério e, procurando
encobrir seu erro, armou uma trama para provocar a morte de Urias (cometeu
assassinato). A Escritura avalia a ação de Davi e diz: “Porém isto que Davi
fizera foi mau aos olhos do Senhor” (2 Samuel 11.27). Por ser Davi um filho de
Deus, o Senhor enviou-lhe uma mensagem por meio do profeta Natã (2 Samuel
12.1). Na conversa travada entre eles, o profeta foi direto ao ponto.
Contou-lhe uma história que ilustrava seu grande e grave pecado contra Deus e
contra Urias (2 Samuel 12.1-4). Diante da reação de Davi, ficando indignado
pelo ato do homem rico contra o homem pobre, e determinando sua morte e
reparação do crime, Natã apontou o dedo para ele e disse: “Esse homem é você”. Davi poderia ter resistido à
repreensão; poderia ter se rebelado e ordenado a morte de Natã. Porém, em vez
de agir assim, aceitou a correção divina, arrependeu-se e confessou seu pecado,
dizendo: “Pequei contra o Senhor” (v. 13).
Muitos
de nós, como Davi, pecamos, mas não confessamos o pecado perante o Senhor. Por
isso, o Senhor, em sua misericórdia e amor para conosco, nos envia os seus
“profetas Natãs”, a fim de levar-nos ao reconhecimento do erro, ao
arrependimento e à confissão. Mas para isso, precisamos nos render à repreensão
do Senhor. Precisamos nos arrepender do erro cometido, confessá-lo, receber o
perdão divino e mudar nossa forma de agir na área em que pecamos. Precisamos
corrigir nossa maneira de pensar, ajustando-a à simplicidade da Palavra de
Deus. Precisamos nos submeter à correção divina, aceitando-a com alegria, para
que o erro específico seja devidamente corrigido.
Não sejamos bastardos,
mas filhos. Não deixemos que nossa teimosia, rebeldia ou orgulho nos leve a
resistir à correção amorosa de Deus; antes, a recebamos com gratidão e digamos como
o salmista: “Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua
palavra” (Salmo 119.67).