“Assim, pois, amados meus, como
sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha
ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem
efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade”
(Filipenses 2.12-13).
Novamente nossa meditação começa com
Filipenses 2.12-13. Na meditação anterior, vimos que devemos permitir a Deus
trabalhar dentro de nossos corações se queremos andar em obediência. Como está
escrito, “Deus é quem efetua em vós..., segundo a sua boa vontade”. Na
meditação de hoje, consideraremos a extensão em que ele deseja trabalhar em
nós, isto é, “tanto o querer como o realizar”. A fim de obedecermos plenamente
ao Senhor, precisamos de sua atuação dentro de nós, para que desejemos e para
que realizemos.
Primeiro, o Senhor deseja
influenciar nossa disposição de obedecer (para cumprir sua boa vontade). Assim,
ele nos convida para aprendermos em sua Palavra sobre sua vontade. Observe o
que ele diz: “Ah! Se o meu povo me escutasse, se Israel andasse nos meus
caminhos!” (Salmo 81.13). Então, sua Palavra atua dentro de nossos corações
convencendo-nos da nossa necessidade de obedecê-la. Como afirma Tiago:
“Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos
a vós mesmos” (Tiago 1.22). Ao mesmo tempo, o Senhor cultiva em nós um amor por
sua Palavra; como diz o salmista: “Amo os teus mandamentos mais do que o ouro,
mais do que o ouro refinado” (Salmo 119.127). Assim, de modo crescente, nos
tornamos desejosos (nós desejamos fazer) de obedecer sua Palavra; como Davi
expressa: “Agrada-me fazer a tua vontade, ó deus meu; dentro do meu coração,
está a tua lei” (Salmo 40.8).
Depois de trabalhar em nosso coração
uma disposição para obedecer a ele, o Senhor também deseja trabalhar em nós até
cumprirmos sua vontade. Sim, desejar e fazer são duas coisas diferentes.
Facilmente nos esquecemos desta distinção. Erroneamente supomos que uma vez que
a disposição esteja presente, o fazer virá a seguir. Jesus revelou a falácia
deste pensamento em uma advertência a seus discípulos muito conhecida. Ele
disse: Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade,
está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26.41). Mesmo quando nosso coração
está disposto a obedecer, nossa carne (natureza humana) é inadequada para
transformar a disposição em obediência. Assim, devemos estar em alerta para
nossa necessidade de orar para que possamos obedecer e não ceder à tentação. A
própria Escritura nos ensina como clamar a Deus pela inclinação interna que
necessitamos para realmente obedecermos, a qual vem dele. Ela diz: “Guia-me
pela vereda dos teus mandamentos, pois nela me comprazo. Inclina-me o coração
aos teus testemunhos e não à cobiça” (Salmo 119.35-36).
Portanto,
dirigindo-nos em oração ao amado Deus gracioso, reconheçamos o quão maravilhoso
ele é por desejar trabalhar em nós para a obediência; que presente da sua graça
é o fato de que ele deseja envolver-se de modo completo nesse processo vital,
fazer-nos querer e realizar; roguemos que ele nos puxe dia a dia para a sua
Palavra, que disponha crescentemente nosso coração para a obediência e que nos
dê força para efetivamente fazer a sua vontade.