Voltemos
ao texto da carta aos Filipenses a fim de observar e refletir sobre um detalhe
significativo. O apóstolo Paulo diz: “Para o conhecer, e o poder da sua
ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua
morte” (Filipenses 3.10). “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado;
mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando
para as que diante de mim estão” (Filipenses 3.13). Associemos a esses textos
as palavras do Senhor Jesus a Marta: “Entretanto, pouco é necessário ou mesmo
uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada”
(Lucas 10.42).
O
objetivo do apóstolo Paulo na vida era crescer em intimidade com o Senhor,
visto que ele diz: “Para o conhecer”. Ele desejava conhecer o Senhor de tal
modo que sua vida seria transformada em “vida ressurreta” neste mundo espiritualmente
morto. Ele admitiu humildemente que ainda não tinha alcançado a maturidade
espiritual. Observe suas palavras: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo
alcançado”. Assim, à luz de sua própria necessidade de crescer, juntamente com
a excelência do objetivo, o apóstolo tinha um único foco em sua vida: “uma só
coisa a fazer”. Essa única coisa era sua busca contínua de conhecer ao Senhor
mais e mais.
Essa
busca centrada é semelhante ao coração que Maria demonstrou, como registrado no
Evangelho segundo Lucas. Quando Jesus visitou a casa de Maria e Marta, Maria
“quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos” (Lucas
10.39). Marta estava agindo como anfitriã atarefada, desejando abençoar seu
Senhor. Contudo, seus intensos labores desviavam sua atenção daquele que ela
estava procurando servir. Note o registro de Lucas: “Marta agitava-se de um
lado para o outro, ocupada em muitos serviços” (Lucas 10.40). Para Marta, a
solução era óbvia, ela deveria insistir para que Jesus ordenasse que sua irmã a
ajudasse. Ela disse: “Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado
que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me” (Lucas
10.40).
Quão
assustada Marta deve ter ficado quando Jesus mostrou que ela era o problema,
não Maria. O Senhor lhe disse: “Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com
muitas coisas” (Lucas 10.41). As muitas preocupações do serviço de Marta estavam
causando ansiedade e confusão interiores. Seu desejo de servir ao Senhor tinha
se deteriorado em autopiedade e irritação. Jesus, então, propôs uma revelação surpreendente,
que colocou tudo em perfeita perspectiva espiritual. Ele disse: “Entretanto,
pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e
esta não lhe será tirada” (Lucas 10.42).
Que
verdade maravilhosa: “Pouco é necessário ou mesmo uma só coisa”! A única coisa
necessária é Jesus. Maria escolheu Jesus. Ela estava aos pés de seu Mestre,
procurando conhecê-lo, ouvindo suas palavras de verdade e graça. Este era o
coração de Paulo: “Uma coisa faço:... prossigo para o alvo”, a saber, conhecer
a Cristo.
Tendo o mesmo desejo, coloquemo-nos
em oração rogando ao Senhor Jesus: que desenvolva em nós um coração como o de
Paulo e de Maria, e que incite em nós uma paixão por conhecê-lo melhor, de modo
que este se torne o objetivo intenso de nossa vida; que nos perdoe por
permitirmos que nossa agenda atarefada nos impeça de sentar para ouvi-lo; que
nos ajude a gastar tempo em silêncio aos seus pés, de modo que, quando nos
levantarmos para servi-lo, nosso coração possa permanecer aos seus pés ouvindo
seus ensinos.
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