Existem
algumas coisas, nesta vida, que são necessárias. Por exemplo, o cuidado com a
vida, os bens materiais, o prazer físico e material e o conhecimento. Existem,
também, coisas que fazem parte da vida, como o exercer autoridade e o receber
honra, por exemplo. Essas coisas não são más em si mesmas. Contudo, devido à
corrupção produzida pelo pecado em nossa natureza, essas coisas podem ser
tornar o objetivo de vida de uma pessoa, ou seu bem supremo. Devemos nos
lembrar, porém, que essas coisas são transitórias; elas se desvanecem com o
passar do tempo, são consumidas, se deterioram e, finalmente, deixam de
existir. Por isso, não devemos colocá-las como o objetivo de nossa vida, nem
como nosso bem supremo. Antes, devemos olhar para elas e considerá-las da
perspectiva bíblica. Consideremos alguns exemplos.
A
transitoriedade do poder. Faz parte da nossa existência o exercer poder ou
autoridade sobre algo. O próprio Deus estabeleceu uma escala de autoridade e
subordinação ao criar Adão e Eva. Porém há pessoas que possuem sede de poder e
se esforçam para alcançar o nível mais alto de poder. Pessoas que fazer do
poder seu objetivo de vida e seu bem supremo. Todavia, o poder é transitório:
“Vi um ímpio prepotente a expandir-se qual cedro do Líbano. Passei, e eis que
desaparecera; procurei-o, e já não foi encontrado” (Salmo 37.35-36).
A
transitoriedade da vida. Nascemos! Por meio de nossos pais, Deus nos gerou e
nos deu vida. Somos responsáveis por cuidar dela, sustentá-la, preservá-la e
administrá-la bem. Somos mordomos de nossa vida, mas um dia, por causa do
pecado, morreremos. Entretanto, existem pessoas que colocam sua vida atual como
seu bem supremo e, por isso, praticam atos que podem ser classificados como
absurdos (contratam o congelamento de seu corpo até a descoberta de cura para
sua enfermidade); outras se entregam à lamúria ou a tratamentos médicos
constantes, ou ainda a tratamentos exóticos, por não aceitarem o desgaste
natural de seu corpo. Grandes quantias de dinheiro são gastas em pesquisas para
“prolongar a vida” (na verdade, rebelar-se contra a sentença de morte). Porém, o
fato é, a vida é transitória: “Os dias de nossa vida sobem a setenta anos ou,
em havendo vigor, a oitenta; neste caso, o melhor deles é canseira e enfado,
porque tudo passa rapidamente, e nós voamos” (Salmo 90.10).
A
transitoriedade dos bens e prazeres materiais. O Senhor Deus abençoa, por sua
misericórdia, o trabalho de nossas mãos. Assim, temos recursos para adquirir
bens materiais que trazem conforto, consolo e alegria. No entanto, há pessoas
que vivem em função de obter bens materiais, raramente se satisfazem com o que
já possuem, desejam sempre mais e mais. Vivem para adquirir, pensando que
usufruirão eternamente dos bens adquiridos. Todavia, os bens materiais são
transitórios: “Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para
muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Mas Deus lhe disse: Louco, esta
noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lucas
12.19-20).
A
transitoriedade do conhecimento. Deus é a fonte de todo conhecimento, e ele
partilha parte de seu conhecimento com o homem. Somos convidados pela Escritura
a conhecer a Deus e a ampliar nosso conhecimento derivado dele. O Senhor nos
deu capacidade de raciocínio e conhecimento para isso. Porém, existem pessoas
que fazem do conhecimento seu bem supremo. Desejam adquirir mais e mais
conhecimento, não para beneficio da humanidade nem para proveito de outras
pessoas, mas por vaidade e soberba. Seu objetivo de vida é adquirir todo
conhecimento possível, a fim de vangloriar-se e ensoberbecer-se. Entretanto, o
conhecimento também é transitório: “O amor jamais acaba; mas, havendo
profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará”
(1 Coríntios 13.8).
A
transitoriedade da glória terrena. A Escritura ensina que devemos dar honra a
quem deve ser honrado, isto é, reconhecer o que as pessoas fazem e elogiá-las e
recompensá-las por isso. Contudo, existem pessoas que buscam a glória, a honra
e a fama como bens supremos. Fazem de tudo (até mesmo pecados graves) para
estar em evidência, para serem notadas, para alcançar a glória. Não se
preocupam com ética, moral, comportamento ou vestuário indignos. Querem fama,
notoriedade, glamour. Todavia, a glória terrena igualmente é transitória: “Pois
toda carne é como a erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a
erva, e cai a sua flor” (1 Pedro 1.24).
O
poder, a vida, o prazer e bens materiais, o conhecimento e a glória terrena são
coisas transitórias. Ainda que façam parte de nossa vida terrena, não devem ser
colocadas como o bem supremo a ser alcançado, ou como o objetivo de nossa vida.
Aproveitemos o que é lícito e bom dessas coisas, porém não gastemos nossos
esforços e nosso tempo com o que é transitório.
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