segunda-feira, 10 de março de 2014

O Primeiro Culto Protestante no Brasil


             Hoje, 10 de março de 2014, comemoramos o aniversário do 1º culto protestante celebrado no Brasil. Recordemos essa história encorajadora, inspiradora e triste.
            Era o ano de 1555, os franceses, comandados pelo vice-almirante Nicolau Durand de Villegaignon, empreenderam uma viagem às terras americanas com o propósito de estabelecer uma colônia. Chegaram à Baia de Guanabara no dia 11 de outubro de 1555, e se estabeleceram em uma ilha dessa Baia, a qual batizaram com o nome de “Forte Coligny”, com 400 homens (hoje, há uma base da marinha brasileira no local).
Esse empreendimento tinha duplo interesse. O primeiro era político, estabelecer uma França Antártica no hemisfério sul. O segundo, religioso, criar um refúgio para os huguenotes (calvinistas franceses) que eram alvo da perseguição da Contra-Reforma. Tendo o segundo objetivo em mente, Villegaignon, com autorização do Almirante Coligny (líder do partido huguenote francês) e com o apoio de João Calvino, organizou duas expedições ao Brasil. A primeira chegou em 11 de outubro de 1555, a segunda, no dia 10 de março de 1557. Nessa segunda expedição vieram cerca de 280 franceses, dentre os quais 14 calvinistas de Genebra. Destacam-se dentre eles o Rev. Pierre Richier, o Rev. Guillaume Chartier, Du Pont, Pedro Bourdon, Mateus Verneuil, Jean du Bourdel, Jean de Boileau, André Lafon, Nicolau Denis, João Gardien, Martin David, Nicolau Carmeau, Jaques Rousseau e Jean de Léry.
Nesse dia, após o desembarque, Villegaignon pediu aos pastores para estabelecerem a ordem e a disciplina da igreja segundo a forma de Genebra, prometendo sujeitar-se a ela. Em seguida, ordenou que todo o povo da ilha se reunisse em uma pequena sala, no meio da ilha, para a celebração de um culto.
O 1º Culto protestante foi celebrado pelo Rev. Pierre Richier e teve uma liturgia simples, que constou de oração pelo Rev. Richier, cântico em uníssono do Salmo 5, leitura do Salmo 27 e pregação com base no verso 4. No dia 03 de abril do mesmo ano, foi celebrada a 1ª Santa Ceia.
Os huguenotes chegaram no dia 10 de março de 1557, e tiveram de partir no final de outubro do mesmo ano. Pois, pouco tempo depois de sua chegada, Villegaignon revelou seu verdadeiro caráter e intenção. Após a celebração da Santa Ceia de Pentecostes, ele declarou abertamente ter mudado de opinião sobre Calvino, acusou o Rev. Chartier de heresia e restringiu as pregações a meia hora. Os huguenotes deixaram a ilha e se abrigaram em terra firme, em um lugar chamado Olaria até janeiro de 1558, quando partiram definitivamente do Brasil.
No entanto, alguns elementos desse grupo, intimidados pelas precárias condições de navegação do navio, optaram por voltar à colônia, onde Villegaignon os capturou e aprisionou. Estando em prisão, Villegaignon ordenou que, em um prazo de 12 horas e tendo apenas uma Bíblia, eles escrevessem uma declaração relativa à sua fé. Essa declaração ficou conhecida como a Confissão Fluminense ou Confissão da Guanabara. Em virtude do teor calvinista dessa Confissão, Villegaignon mandou executar os três primeiros mártires da fé no Novo Mundo no dia 09 de fevereiro de 1558. Jean du Bourdel, Mattieu Vernuil e Pierra Bourdon, condenados, foram lançados do alto de uma pedra ao mar, tendo os pés e as mãos amarrados. Um quarto calvinista, Jean de Boileau, conseguiu fugir de Villegaignon e refugiar-se em São Vicente, onde posteriormente foi preso, julgado e condenado, sendo executado com o auxílio do Padre José de Anchieta.
Deve chamar nossa atenção, e servir de encorajamento e inspiração, o empreendimento missionário de João Calvino já em 1555; bem como o zelo espiritual e profundo conhecimento bíblico expressos na Confissão da Guanabara; e ainda a firmeza doutrinária e a coragem dos primeiros mártires em terras brasileiras. Queira Deus que esses mesmos valores sejam encontrados em nós, hoje.

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