Lemos, em Mateus 19.16-30, a história de um jovem rico que veio falar com Jesus. Ele perguntou: “Mestre, que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna? O Senhor usa dessa ocasião para responder ao jovem e para ensinar seus discípulos.
Esse
jovem era muito rico e, aparentemente, tinha tudo a seu favor: dinheiro, boa
reputação e vida religiosa irrepreensível (v. 17-20). Possivelmente qualquer
igreja se sentiria feliz em receber alguém como ele em sua membresia.
Entretanto, faltava a esse rapaz uma coisa, a paz com Deus. Com base no texto,
podemos concluir que é pouco provável que ele tenha considerado a possibilidade
de que suas qualificações não serem credencial suficiente para obter o favor de
Jesus. Na pior das hipóteses, estaria faltando fazer apenas uma coisinha, nada,
porém, difícil demais. Imagine o que poderia ser feito com o dízimo desse
jovem: dependências melhores e mais confortáveis, um ministério mais amplo de
ação social, e etc. Nada parecido como que Jesus oferece aos seus discípulos:
“O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” Não é assim que muitos
pensam e agem? Quantas vezes os princípios fundamentais do evangelho são comprometidos
na tentativa de agradar alguém por causa de sua situação financeira?
Porém
Jesus discerniu algo que passou despercebido aos discípulos, e que, não raro,
também não discernimos. Ele viu que o verdadeiro objetivo daquele jovem era
merecer a salvação. Ele queria fazer alguma coisa que lhe garantisse a vida
eterna. Tal como muitas pessoas fazem ainda hoje. Observe sua pergunta: “Que
farei eu de bom, para alcançar a vida eterna?” (v. 16) No entanto, Jesus fez o
que muitos de nós, em situação semelhante, deixamos de fazer por falta de
coragem ou por avareza. Jesus puxou o tapete daquele jovem e revelou a real
condição do seu coração. O deus daquele jovem era o dinheiro. Por isso Jesus
lhe disse: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e
terás um tesouro nos céu; depois, vem e segue-me.” (v. 21) O jovem cumpria
vários dos mandamentos (v. 17-20), mas Jesus coloca diante dele o primeiro:
“Não terás outros deuses diante de mim.” Agora o jovem não pode dizer: “Tudo
isso tenho observado”, e pior, ele toma a decisão errada, pois afasta-se triste
porque era muito rico.
O
Senhor usa dessa ocasião para alertar aos discípulos acerca do perigo das riquezas.
Então, Pedro pergunta: “Que será, pois, de nós?” (v. 27) Afinal, deixamos tudo
para seguir a Jesus e a vida de discípulo não é nada fácil nem oferece muitas
vantagens. O Senhor, em sua infinita sabedoria, apresenta a solução e nos leva
a olhar, não para as dificuldades de nossa situação ou para a prosperidade
daqueles que nos cercam, mas para a grandeza do seu reino eterno e para a
certeza de que seremos participantes de suas riquezas insondáveis (veja também,
1 Coríntios 4.17; Romanos 8.18).
É
uma questão de visão. Podemos viver insatisfeitos e murmurando, ambicionando os
primeiros lugares e as melhores coisas a qualquer custo, ou podemos viver
contentes em toda e qualquer situação, como Paulo, que aguardava a cidade da
qual Deus é o arquiteto; ou como Josué e Calebe, que perseveraram durante 40
anos no meio de um povo incrédulo e rebelde, no desconforto do deserto, porque
criam que Deus cumpriria sua promessa de lhes dar a terra que mana leite e mel.
Atentemos para as
palavras de nosso Salvador. Não olhemos para a aparência da “bênção”, mas para
a essência da verdadeira bênção. É mais vantajoso abrir mão das “bênçãos”
terrestres e ter a certeza de herdar as bênçãos eternas do Reino de Deus. Não
percamos a bênção da vida eterna por causa de “bênçãos” terrenas e temporais.
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