segunda-feira, 7 de abril de 2014

Perdendo a Bênção


            Lemos, em Mateus 19.16-30, a história de um jovem rico que veio falar com Jesus. Ele perguntou: “Mestre, que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna? O Senhor usa dessa ocasião para responder ao jovem e para ensinar seus discípulos.
            Esse jovem era muito rico e, aparentemente, tinha tudo a seu favor: dinheiro, boa reputação e vida religiosa irrepreensível (v. 17-20). Possivelmente qualquer igreja se sentiria feliz em receber alguém como ele em sua membresia. Entretanto, faltava a esse rapaz uma coisa, a paz com Deus. Com base no texto, podemos concluir que é pouco provável que ele tenha considerado a possibilidade de que suas qualificações não serem credencial suficiente para obter o favor de Jesus. Na pior das hipóteses, estaria faltando fazer apenas uma coisinha, nada, porém, difícil demais. Imagine o que poderia ser feito com o dízimo desse jovem: dependências melhores e mais confortáveis, um ministério mais amplo de ação social, e etc. Nada parecido como que Jesus oferece aos seus discípulos: “O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” Não é assim que muitos pensam e agem? Quantas vezes os princípios fundamentais do evangelho são comprometidos na tentativa de agradar alguém por causa de sua situação financeira?
            Porém Jesus discerniu algo que passou despercebido aos discípulos, e que, não raro, também não discernimos. Ele viu que o verdadeiro objetivo daquele jovem era merecer a salvação. Ele queria fazer alguma coisa que lhe garantisse a vida eterna. Tal como muitas pessoas fazem ainda hoje. Observe sua pergunta: “Que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna?” (v. 16) No entanto, Jesus fez o que muitos de nós, em situação semelhante, deixamos de fazer por falta de coragem ou por avareza. Jesus puxou o tapete daquele jovem e revelou a real condição do seu coração. O deus daquele jovem era o dinheiro. Por isso Jesus lhe disse: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro nos céu; depois, vem e segue-me.” (v. 21) O jovem cumpria vários dos mandamentos (v. 17-20), mas Jesus coloca diante dele o primeiro: “Não terás outros deuses diante de mim.” Agora o jovem não pode dizer: “Tudo isso tenho observado”, e pior, ele toma a decisão errada, pois afasta-se triste porque era muito rico.
            O Senhor usa dessa ocasião para alertar aos discípulos acerca do perigo das riquezas. Então, Pedro pergunta: “Que será, pois, de nós?” (v. 27) Afinal, deixamos tudo para seguir a Jesus e a vida de discípulo não é nada fácil nem oferece muitas vantagens. O Senhor, em sua infinita sabedoria, apresenta a solução e nos leva a olhar, não para as dificuldades de nossa situação ou para a prosperidade daqueles que nos cercam, mas para a grandeza do seu reino eterno e para a certeza de que seremos participantes de suas riquezas insondáveis (veja também, 1 Coríntios 4.17; Romanos 8.18).
            É uma questão de visão. Podemos viver insatisfeitos e murmurando, ambicionando os primeiros lugares e as melhores coisas a qualquer custo, ou podemos viver contentes em toda e qualquer situação, como Paulo, que aguardava a cidade da qual Deus é o arquiteto; ou como Josué e Calebe, que perseveraram durante 40 anos no meio de um povo incrédulo e rebelde, no desconforto do deserto, porque criam que Deus cumpriria sua promessa de lhes dar a terra que mana leite e mel.
            Atentemos para as palavras de nosso Salvador. Não olhemos para a aparência da “bênção”, mas para a essência da verdadeira bênção. É mais vantajoso abrir mão das “bênçãos” terrestres e ter a certeza de herdar as bênçãos eternas do Reino de Deus. Não percamos a bênção da vida eterna por causa de “bênçãos” terrenas e temporais.

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