segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Apóstolos, Ainda Hoje?



Escrevendo sua Segunda Carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo diz àquela igreja que havia em sua época “falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo” (2 Coríntios 11.13). Eram pessoas que pareciam ser discípulos de Cristo, mas que, na verdade, eram ministros de Satanás. Durante algum tempo, a Igreja apostólica e primitiva teve que lidar com esses “falsos apóstolos”; até que o título foi restringido aos Onze e a Paulo. Com isso, a Igreja viu-se livre desses obreiros fraudulentos por vários séculos. Nos últimos anos, no Brasil, foi ressuscitado o uso desse título por igrejas neopentecostais, o que força a Igreja a lidar novamente com esse assunto. São, de fato, apóstolos aqueles que assim se autodenominam? Há apóstolos hoje?
Para se responder a essas perguntas, torna-se necessário, primeiramente, lembrar o significado do termo “apóstolo”. No sentido literal, a palavra se refere a alguém que é enviado, um emissário. No grego secular, era usada em referência a um navio, uma esquadra ou uma expedição naval. No grego clássico havia uma distinção entre mensageiro e apóstolo; o primeiro era apenas uma pessoa enviada portando uma carta, a segunda era mais que um mensageiro, era um delegado ou representante da pessoa que a enviou. No Judaísmo posterior, a palavra foi usara para as pessoas enviadas pelo Sinédrio de Jerusalém para recolher o imposto sagrada dos judeus da Diáspora. Essas pessoas eram enviadas aos pares, eram agentes credenciados e tinham autoridade apenas para uma tarefa limitada.
No Novo Testamento, o título foi aplicado por Jesus aos Doze, quando os enviou a algumas cidades e vilas pelas quais ele mesmo passaria mais tarde (Mateus 10.1-4). A Igreja do período apostólico aplicou, inicialmente, esse título a outras pessoas além dos Doze, por exemplo, a Tiago, o irmão do Senhor (Gálatas 1.19), a Barnabé (Atos 14.4); porém, com o tempo, esse título ficou restrito aos Doze e a Paulo (ou aos Onze e a Paulo, há duas posições).
Fica claro, pelo ensino do Novo Testamento, que havia algumas condições a serem preenchidas para que o título de apóstolo fosse atribuído a alguém. As condições são: a) ser testemunha ocular da vida terrena de Jesus (Atos 1.21-22); b) ser testemunha ocular da ressurreição de Jesus (Atos 1.22); e c) ser comissionado e enviado pessoalmente por Jesus (Mateus 10.1-5). É fato que o termo apóstolo aparece na lista de ofícios dados pelo Senhor para o governo da sua Igreja pela Palavra (Efésios 4.11-16); igualmente é fato que em 1 Coríntios 12.28 o terno não se refere a um dom contemporâneo de apostolado, mas sim ao ofício registrado em Efésios 4. O Novo Testamento deixa claro que estes Doze, e somente estes, são considerados, juntamente com os profetas, o “fundamento” da fé (Efésios 2.20; Apocalipse 21.14), isto é, foram concedidos por Deus, como instrumentos da revelação, para estabelecer e alicerçar a Igreja. Ensina, ainda, que apóstolos, profetas e evangelistas foram ofícios extraordinários, e, portanto, temporários.
Desse modo, chega-se à conclusão de que atualmente não há apóstolos; a Igreja é governada por pastores e mestres – seus presbíteros docentes e regentes –, sendo o ofício do presbiterato ordinário e permanente. Não cabe, portanto, o uso do título de apóstolo a nenhum líder religioso atual. Pois a sã interpretação das Escrituras ensina que Deus concedeu o presbiterato (pastores e presbíteros) para o governo e pastoreio; e o diaconato (diáconos) para o cuidado dos enfermos e necessitados, e manutenção da ordem do culto.

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