No Salmo 106, o salmista, ao falar da graça de Deus e da ingratidão de Israel, diz: “Cedo, porém, se esqueceram das suas obras e não lhe aguardaram os desígnios; entregaram-se à cobiça, no deserto; e tentaram a Deus na solidão” (v. 13-14).
Temos
aqui uma referência ao pecado do povo de Israel no deserto. Deus os havia
livrado de maneira poderosa, e estava pronto para suprir cada uma das
necessidades do povo de maneira igualmente poderosa. Porém, quando chegou o
período da dificuldade, o povo “não lhe aguardaram os desígnios”. O povo de
Israel não se lembrou de que o Deus Todo-poderoso era seu Líder e Provedor; não
perguntaram a Deus quais eram seus planos para aquela situação. Simplesmente,
ficaram com os pensamentos de seu coração ingrato, tentaram e provocaram a Deus
com sua incredulidade. O povo de Israel esqueceu-se dos atos graciosos e
poderosos de Deus no Egito e no Mar Vermelho, e não esperou pelos desígnios de
Deus.
Como
este pecado ainda tem ocorrido na vida dos filhos de Deus de nossos dias¹ Na
terra de Canaã, durante os dias de Josué, os únicos três fracassos de que temos
notícia foram consequência deste pecado. Em três ocasiões: quando subiram
contra Ai, quando fizeram aliança com os gibeonitas e quando se estabeleceram
na terra antes de havê-la ocupado toda. Nessas três ocasiões Israel não buscou
conhecer os desígnios de Deus; não esperou para conhecer os planos de Deus.
Portanto, até mesmo cristãos maduros podem cair nessa tentação: não esperar
pelos desígnios de Deus. Precisamos aceitar essa advertência e ver as lições a
serem aprendidas com os israelitas aqui. Acima de tudo, precisamos considerar
essa tentação como um perigo não apenas para o cristão individual, mas para o
povo de Deus coletivamente.
Todo
o nosso relacionamento com Deus é governado pelo seguinte princípio: que a sua
vontade seja feita em nós e por nós, da mesma forma como ela é feita no céu.
Nosso foco deve ser fazer a vontade de Deus e vê-la sendo feita em nós.
Para
ajudar-nos a fazer sua vontade, o Senhor nos deu a sua Palavra. Nela encontramos
sua vontade acerca de todos os aspectos de nosso relacionamento com ele e com o
mundo ao nosso redor. Tudo quanto precisamos saber para sermos “perfeitos e
perfeitamente habilitados para toda boa obra” encontra-se registrado nela (2
Timóteo 3.16-17); o que precisamos saber para não pecar contra Deus está
registrado nela (Salmo 119.9-11); toda orientação e conselho de que precisamos
para conduzir nossa vida por caminho seguro jaz escrito nela (Salmo 119.105). O
Senhor nos deu o seu Espírito, também. Ele nos ensina e nos faz lembrar do que
Deus diz (João 14.26); ele nos guia a toda a verdade (João 16.13); ele guia os
filhos de Deus (Romanos 8.14); ele indica o caminho a seguir, abrindo ou
fechando portas (Atos 16.6-10).
Nossa atitude
deve ser, então, a de quem aguarda os seus desígnios como o único guia de
nossos pensamentos e ações. Em nossos cultos, Escolas Dominicais, Reuniões de
Oração, reuniões administrativas e etc., nosso principal objetivo deve ser aguardar
os desígnios de Deus. Precisamos dedicar tempo para conhecer a vontade de Deus
mediante as Escrituras e o Espírito Santo, e precisamos nos esforçar para
obedecer aos desígnios de Deus. Pois, apesar de conhecermos a Palavra de Deus,
de sermos habitados pelo Espírito Santo e de desejarmos sinceramente fazer a
vontade de Deus, corremos o risco de esquecer as obras de Deus, como o fizeram
os israelitas. Corremos o risco de arregaçar as mangas e partir para a ação ou
para a decisão, sem consultar ao Senhor e saber seus desígnios, como o fizeram
os israelitas no caso dos gibeonitas, por exemplo. Corremos o risco de ignorar
a iluminação das Escrituras e de fechar os ouvidos à voz orientadora do
Espírito Santo.
Precisamos aprender a aguardar pelos desígnios do Senhor, nosso Deus.
Precisamos buscar conhecer a vontade de nosso Pai celestial revelada nas
Escrituras. Precisamos ter ouvidos e coração sensíveis à voz orientadora do
Espírito Santo. Que o Senhor, nosso gracioso Deus, nos capacite para isso.
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